quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

.palmas das mãos.

E daí q eu perdi.
Na verdade não perdi de uma vez, fui perdendo aos poucos. Sabe qdo de bocado em bocado,as coisas vão indo? Quando tem um grande móvel e acha uma corrosão feita por cupins e diz:”não importa esse ferimento no móvel,olhe só...foi só ali no cantinho” e qdo se dá conta, vc está apenas com o puxador na mão?As traças levaram tudo embora,de bocadinho, na maciota ,ali embaixo de seus olhos?Pois é.
Fui perdendo qdo meu fone de ouvido do meu MP4 quebrou.Sempre contei com música boa p’ra me salvar em viagens de ônibus,mas perdi meu fone pq no meio da bagunça da minha bolsa, o pobre acabou por desistir do aperto e estourou seus fios por conta própria.Não repus.Acostumei-me à idéia e deixei a perda recente ali,de canto. Foi depois q comecei a perder algumas calças,também na mãínha do gato,sabe como é? Uma não serve hj, coloca a outra, a outra lhe serve mais alguns meses, depois tb não se agracia mais com seu corpo, depois uma blusinha q acaba por salientar formas novas e q não estavam ali a algum tempo atrás,se junta a outra rebelde peça.E olhe a curiosidade com que o “abrir mão” trabalha na gente...De repente vc se vê acumulando calças e blusas q passam a incomodar pq mostram no q vc está se transformando,uma vez q sempre fez malcriação às roupas e disse:”Aaaah, mas vai entrar.Como não?Paguei cada tostão suado por vc, não vou te encostar...Fico sem a lazanha, mas em uma semana conversamos!” Mas deixei passar, a malcriada foi a roupa...tá lá encostada e nem quer saber de mim, perdi tb.
Depois foi se alojando uma coisa esquisita.A vontade de responder. Perdi .Sempre respondia à altura de mim mesmo...Meus pensamentos me desencorajavam: “Não prossiga, não vai conseguir, tal pessoa não é p’ra vc,tal amigo lhe engana”.E eu,sempre respondia:” Sigo sim, todos servem pq todos são bons,amo de cair em precipício por amor ou por amigo q valha ou não...vejo depois.Mas quero arriscar,quero ir, quero tomar o tempo q me pertence, viver de paixão que me cabe e gargalhar com amigo, nem q depois ele for de mentirinha.Mas do meu momento ng duvida...eu quero ele todinho pra mim, sofrendo ou não”...Mas daí, pra minha surpresa, parei de responder aos meus desencorajamentos. Acabei por achar q eles estão certos e me cerquei de medo....Perdi a coragem e prazer de errar, de dar-me ao desfrute de me enganar e rir depois,ou melhor,perdi o gosto por rir primeiro,nem q tenha q chorar depois.Antes até q tinha graça,agora a graça ficou lá no antes.
Perdi o ponto certo da massa, como se faz em receita.Estava mexendo,trabalhando na massa e sem q esperasse perdi o ponto.Tenho quase razão em falar que o tempero do afeto qdo escapou, me fez afrouxar os dedos e descompor o que já tinha e o que teria vindouramente...E por mais q rode, não há tempero q caiba aqui, desconfio de todos eles e quase acredito q tempero certo nunca teve ou não há, tudo sempre foi enganação...Enganação do que se tinha ou do q poderia ter tido.Descobri que tudo é faz-de-conta.Perdi aquela proteção que todos temos por mto tempo e alguns por toda uma vida.Proteção q nos impede de ver tudo às claras...Vejo tudo numa transparência absurda como nunca vi outrora, é como ver eclipse sem proteger as pupilas e por isso acabamos por ficar sequelados.
Fui perdendo...Perdi o sono,perdi o emprego,perdi a nota da música, perdi o frio na espinha, perdi alguns trocados no bolso q deixei furar,perdi a rima,perdi o ano novo...Mas ainda não quero perder a vontade de ler, de brindar, de falar bobagens, de viajar e de abraçar.Pq em algum lugar está um achado para toda essa minha perdição.
Li q é preciso esvaziar as mãos completamente para enchê-la novamente.E agora q minhas mãos estão estendidas, só me resta começar a achar, ao invés de tanto perder.