sexta-feira, 20 de março de 2009

Adulta.....Mas queria ser criança ainda.
Outro dia estava em casa e minha sobrinha chegou com a mãe dela. A pequena Victória tem 1 ano e meio, ela passou por mim, fez algumas gracinhas , esperou a mãe se distrair comigo e em menos de 10 minutos ela sumiu...Daqui a pouco ela voltou rindo sozinha, quase gargalhando e toda molhada. Nos fundos da minha casa colocamos uma piscininha pra ela, ela passou pela gente e foi pra lá de roupa, tênis, biribaque no cabelo, fralda....Foi, pulou e voltou rindo, descabelada e sabendo q ia levar bronca.
Umas semanas atrás, estava indo p/ o trabalho quando vi um menino junto com a mãe no ponto de ônibus.Ele deveria ter seus 6 anos +/-.A mãe estava perto, mas seu pensamento estava longe...O olhar meio perdido sabe-se lá se em contas, na família, em procurar soluções...E ele, sabe o q estava fazendo? Cantando e dançando no ponto.Acho q ele estava brincando de algum tipo de show...Despretensiosamente, ele balançava o corpo e cantava e às vezes até fingia que tinha um microfone.Não estava olhando pra quem estava reparando, não estava preocupado pq a mãe fazia aquela cara perdida...Estava se divertindo.
Alguns meninos pulando do muro durante a brincadeira:Um deles caí e espatifa o joelho. O amigo socorre:” Machucou?!” O esfolado:” Não, ixi....isso já passa”...Assopra o machucado, dá uma batidinha com mão q quase não chega na pele e sai correndo, querendo mancar,mas lembrando q o tempo está passando e logo não poderá mais brincar, a mãe já vai chamar.
E crianças encaram.Quanto mais novas , mais encaram...Elas , daquele tamaínho, conseguem constranger os adultos com aquele olhar q nos persegue.Daí damos um sorriso e sabe o q a danada da criança faz? Nada. Continua olhando.Ela só quer olhar, não devolve o sorriso para agradar, faz aquilo q acha q tem que fazer.
E dizem a verdade. “Filho, fala oi pra tia Lourdes, meu bem!” E a criancinha: “ Ah não mãe, ela tem bafo.” (puetz....) Ou senão “ Experimenta esse bolo” (na casa da visita)...Depois de provar , cospe tudo..” Iéca....mãe quero ir embooooooora!”.É uma sinceridade quase catastrófica? Sim, é. Mas são sinceros...A dosagem é uma questão de ajuste de tempo.
Daí crescemos.E? Não caímos na piscina de roupa e tudo qdo estamos sóbrios por medo de represálias.Não cantamos na rua sozinhos, sem medo q alguém nos dê como loucos...Raramente dançamos em baladas como queremos dançar pq as pessoas podem comentar e nunca, nunca, jamais falamos q a comida é péssima na casa de visita q mal conhecemos....rs.
A questão é q queria ter toda despretensão de criança ainda e queria q todos a tivessem.As pessoas mentem sobre si e seus sentimentos, cada dia mais temos pessoas infelizes por esconderem o q sentem , por se reprimirem.Por caírem uma vez e não assoprar o machucado e continuar.Caem, choram e nunca mais sobem além de 5 degraus pra cair de novo....mesmo sabendo q a vida ta passando e q logo, nosso tempo acaba. A maioria engaveta o passado de criança num estalar de dedos e esquecem como é bom confiar nos outros cegamente, falar a verdade, abraçar sem motivo, sorrir pra algum desconhecido sem querer nada em troca.Que é bom fazer qualquer coisa q quiser sem pensar no que os outros pensarão...Não estou acentuando nenhuma irresponsabilidade.Estou falando de ser, de sentir e de viver.Sermos espontâneos juntando a inocência de uma criança e o bom senso de um adulto.
Não é preciso sair por aí pulando amarelinha ou amarrar um lençol nas costas e fingir q é super-herói pra resgatar o q há de bom.Basta olhar nos olhos , falar a verdade, sermos o mais reais q pudermos, sem enganações, sem jogos, sem truques. Crescemos sim, mas isso não quer dizer q precisamos perder toda nossa essência.
Sim, sou adulta hoje, mas preciso confessar....Ainda confio nas pessoas, ainda abraço com vontade, ainda brinco com minha Vivi.Não danço e canto no meio da rua,mas não deixei a Selma criança esquecida em algum lugar, ela continua bem aqui e é sem dúvida, a melhor parte de mim.
Todos sabem o qto gosto de escrever, mas algumas vezes tb uso pensamentos “prontos” ou músicas que encaixam com o momento q estou vivendo.A música abaixo está no disco “Uma outra estação” lançado após a morte de Renato Russo (o qual escreveu mto coisa q me identifico demais) .Esta música no álbum é só instrumental pq ele não teve tempo de gravá-la antes de falecer , acho q ficaria linda na voz forte q ele tinha...É um misto de desabafo, apelo,solidão e verdade.Linda.

Sei que tenho um coraçãoMas é difícil de explicarDe falar de bondade e gratidãoE estas coisas que ninguém gosta de falarFalam de algum lugarMas onde é que está ?Onde há virtude e inteligênciaE as pessoas são sensíveisE que a luz no coraçãoé o que pode me salvarMas não acredito nissoTento mas é só de vez em quandoOnde está este lugar?Onde está essa luz ?Se o que vejo é tão tristeE o que fazemos tão errado ?E me disseram!Este lugar pode estar sempre ao seu ladoE a alegria dentro de vocêPorque sua vida é luzE quando vi seus olhosE a alegria no seu corpoE o sorriso nos seus lábiosEu quase acrediteiMas é tão difícilPor isso lhe peço por favorPense em mim, ore por mimE me diga:- Este lugar distante está dentro de vocêE me diga que nossa vida é luzMe fale do sagrado coraçãoPorque eu preciso de ajuda

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