quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

.palmas das mãos.

E daí q eu perdi.
Na verdade não perdi de uma vez, fui perdendo aos poucos. Sabe qdo de bocado em bocado,as coisas vão indo? Quando tem um grande móvel e acha uma corrosão feita por cupins e diz:”não importa esse ferimento no móvel,olhe só...foi só ali no cantinho” e qdo se dá conta, vc está apenas com o puxador na mão?As traças levaram tudo embora,de bocadinho, na maciota ,ali embaixo de seus olhos?Pois é.
Fui perdendo qdo meu fone de ouvido do meu MP4 quebrou.Sempre contei com música boa p’ra me salvar em viagens de ônibus,mas perdi meu fone pq no meio da bagunça da minha bolsa, o pobre acabou por desistir do aperto e estourou seus fios por conta própria.Não repus.Acostumei-me à idéia e deixei a perda recente ali,de canto. Foi depois q comecei a perder algumas calças,também na mãínha do gato,sabe como é? Uma não serve hj, coloca a outra, a outra lhe serve mais alguns meses, depois tb não se agracia mais com seu corpo, depois uma blusinha q acaba por salientar formas novas e q não estavam ali a algum tempo atrás,se junta a outra rebelde peça.E olhe a curiosidade com que o “abrir mão” trabalha na gente...De repente vc se vê acumulando calças e blusas q passam a incomodar pq mostram no q vc está se transformando,uma vez q sempre fez malcriação às roupas e disse:”Aaaah, mas vai entrar.Como não?Paguei cada tostão suado por vc, não vou te encostar...Fico sem a lazanha, mas em uma semana conversamos!” Mas deixei passar, a malcriada foi a roupa...tá lá encostada e nem quer saber de mim, perdi tb.
Depois foi se alojando uma coisa esquisita.A vontade de responder. Perdi .Sempre respondia à altura de mim mesmo...Meus pensamentos me desencorajavam: “Não prossiga, não vai conseguir, tal pessoa não é p’ra vc,tal amigo lhe engana”.E eu,sempre respondia:” Sigo sim, todos servem pq todos são bons,amo de cair em precipício por amor ou por amigo q valha ou não...vejo depois.Mas quero arriscar,quero ir, quero tomar o tempo q me pertence, viver de paixão que me cabe e gargalhar com amigo, nem q depois ele for de mentirinha.Mas do meu momento ng duvida...eu quero ele todinho pra mim, sofrendo ou não”...Mas daí, pra minha surpresa, parei de responder aos meus desencorajamentos. Acabei por achar q eles estão certos e me cerquei de medo....Perdi a coragem e prazer de errar, de dar-me ao desfrute de me enganar e rir depois,ou melhor,perdi o gosto por rir primeiro,nem q tenha q chorar depois.Antes até q tinha graça,agora a graça ficou lá no antes.
Perdi o ponto certo da massa, como se faz em receita.Estava mexendo,trabalhando na massa e sem q esperasse perdi o ponto.Tenho quase razão em falar que o tempero do afeto qdo escapou, me fez afrouxar os dedos e descompor o que já tinha e o que teria vindouramente...E por mais q rode, não há tempero q caiba aqui, desconfio de todos eles e quase acredito q tempero certo nunca teve ou não há, tudo sempre foi enganação...Enganação do que se tinha ou do q poderia ter tido.Descobri que tudo é faz-de-conta.Perdi aquela proteção que todos temos por mto tempo e alguns por toda uma vida.Proteção q nos impede de ver tudo às claras...Vejo tudo numa transparência absurda como nunca vi outrora, é como ver eclipse sem proteger as pupilas e por isso acabamos por ficar sequelados.
Fui perdendo...Perdi o sono,perdi o emprego,perdi a nota da música, perdi o frio na espinha, perdi alguns trocados no bolso q deixei furar,perdi a rima,perdi o ano novo...Mas ainda não quero perder a vontade de ler, de brindar, de falar bobagens, de viajar e de abraçar.Pq em algum lugar está um achado para toda essa minha perdição.
Li q é preciso esvaziar as mãos completamente para enchê-la novamente.E agora q minhas mãos estão estendidas, só me resta começar a achar, ao invés de tanto perder.

domingo, 29 de novembro de 2009

.viver é foda/morrer é difícil.

Na boa?Pára tudo q eu quero descer.Bem por aí mesmo...Cansei total.
Não tem explicação,não tem porquê,não tem merda nenhuma q resuma o pq de ter q continuar em condições estranhas que permeiam toda a existência humana.
Todo tipo de relação é superficial, nada é palpável ou seguro.Estamos a toda hora meio q vivendo de sobre –aviso no caso de o barco afundar,sabe?
To emputecida e ao mesmo tempo apática, pq to na regra de viver um dia de cada vez,mas até isso é exaustivo.To vivendo por viver cada dia um dia,sem planos,sem metas, sem gdes aspirações pq concluí q não vale à pena,não rola designar o amanhã ou a próxima década pq um belo dia vc acorda e vê q vc planejou e sonhou a vida toda com um mínimo possível de situação estável e de felicidade em dose homeopática e nem isso vc tem.Vem aquelas desculpinhas medíocres do tipo :” td acontece pq tem q acontecer”/” vai ver foi melhor assim”/” td tem um motivo”.
Não sei pq pessoas entram e saem das nossas vidas, desfazendo o apego.Pessoas q vc conheceu no antigo trabalho e perdeu o contato,pessoas q acompanhavam com vivacidade seu dia-a-dia.Caras q vc se envolveu e trocou carícias, promessas, afeto, carinho e puft...Acabou.Sabe-se lá onde o infeliz está neste exato momento.
Daí vc fica nessa coisa de tirar sorrisos da cartola, de reconhecer q não tem mais jeito,não tem mais volta: vc enlouqueceu. Ultrapassou os limites da razão e sente q a qq momento a linha frágil entre o pouco de lucidez e racionalidade está prestes a se romper.Que a qq hora dessas, vai pegar uma mochila, colocar 3 blusas de frio, sua boneca de pano e sair por aí andando,sem destino. Acho q um montão de gente virou mendigo ou morador de rua começando assim....andando sem rumo por conta do cansaço da vida.
E hj é domingo e amanhã é segunda e vem mais uma semana de desafios.
E junto com a falta de grana, vem a falta de paciência, falta de romance, excesso de peso e dúvidas, falta de coordenadas, excesso de vazio.E o pior de tudo é estar assim e saber q acabou, bicho.Que vc vai enrolar o máximo que pode p’ra que os dias sejam menos obrigatórios,entre uma cerveja e outra,entre um rivotril e outro, entre um beijo sem emoção e outro...Caminhando.Começando coisas sem terminar (e sem saco p’ra fazê-lo tb).Repetindo músicas, sem tesão p’ra lidar com humor q sobe e desce toda hora feito elevador em pane.
Desespero.E dizem q vai passar.E dizem q vou rir disso tudo.E dizem tta merda e eu to tão de saco cheio.
Mas acho q deve ser mesmo o retorno de Saturno,pq andei pensando q td começou meio q a desalinhar aos meus 28 anos.E se o retorno é dos 28 aos 30, tenho alguma chance de q em junho do ano q vem a situação esteja menos caótica.Talvez sim,talvez não...nem espero nada na vdd.Nem quero pensar ,sabe? Sobre o q eu faço da vida.
Preciso de um trabalho,preciso de um carro, preciso sorrir p/ ng perceber nada, preciso de grana .Preciso sarar....é,acho q preciso sarar.Será q eu consigo?
“viver é foda e morrer é difícil” MESMO.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

uie

Dai eu to bebebafa e eu falei com minha amiga Tati ag9ora no msn....pa hj foi aniversaio da Banana, Ana Paula, e elq é super engraçada e minha ammuiga msm e a Tati Branca ta longe e queria ela aqui ew é mto dificil digitart assim... nossa, top corrigundo há mto tempo tudo...
Eu queria sair mas o Felipe ta opm os amigos dele e nao reagwe.....e sao 1 e 7 da manhã e daí? e eu quero dair e eu quero beber e eu qyero dança e nao cou corrigiur pq é meu momento e foda-se...eu queria esta com meus amiugos agora e chapandoi e dançando e noooooooooooooooooooossa......peguei a uikltima breja da dgeladeira e minha mae vai falar u momte amanha...maaaaaaaaaaaaaaaaaaaas....nao bvou sair, q q ta passando na TV agora??? cou descer e ver TV pq nao sei o q ta passando e nao é isso...
como acabo isso? ai caraio...como termiino? nao tem coimo terminar pq é mto legal estar ssim e queria esdtar asssim toodo o tempo.
tachui!

domingo, 25 de outubro de 2009

.lógica.

“Nossa Selma, vc viu q legal? O Rio será sede das Olimpíadas de 2016...Mto bom,né?”
“Não. Odiei a idéia e sou contra”
“Óóóóóóóóhhhh... como assim?”

Como assim que fez-se o cálculo superficialmente de uma previsão de gastos que chegam a um montante de 3 BILHÕES e 400 MILHÕES de reais moedas brasileiras. Sabe o que quer dizer? É a mesma coisa que o Sr. José morar de aluguel , ter um monte de dívidas e daí, na hr q descola uma graninha, comprar um Porsche.É descabido, imoral e estúpido sediarmos ,sob termos de cunho político o mundo aqui, se sequer temos estrutura para os nossos.
Assisti outro dia numa reportagem um senhor de 70 anos que mora num buraco, junto com mais quatro desabrigados, embaixo de um viaduto. Se chove 2 dias consecutivos, 100 pessoas ficam sem casa,se vc não tem convênio médico e precisa de uma cirurgia de urgência, das duas uma: ou vc sobrevive por conhecer alguém dentro do sistema que mexe os pauzinhos ou paga um carnê para um túmulo decente no cemitério da Vila Alpina. O sistema é falido, o sistema não funciona...Culpa do governo?Bicho, p’ra mim a culpa é de quem administra o nosso dinheiro, não posso citar o nome de ng pq não sei quem faz o balancete e determina que dos nossos impostos: 10% vai para educação/ 10% para saneamento/ 10% para a saúde e 70% vai para a reserva de caixa que será preciso para receber e mostrar ao mundo nossa casa em 2016, nas Olimpíadas.
A questão não é regionalista...Não é pq é Rio...mesmo que fosse em Cuiabá. Todos serão lesados, o dinheiro que será ganho através da propagação do turismo e gasto dentro de nossa propriedade ainda não resolverá pertinências sociais que está arraigada à nossa realidade há séculos. Um país não é denominado Terceiro Mundo pela ONU à toa. Um país que leva esse tema tem sérias deturpações a serem corrigidas através de todo um processo que demanda tempo.
Não estou querendo levantar a bandeira de que devemos poupar nosso dinheirinho do gramado novo de algum campo de futebol para ceder para uma família que tem 10 filhos e mora em um quartinho à beira do esgoto, não é isso de maneira alguma. Estou falando de bom senso e não se encaixa nesse extremo.Estou falando de ordem geral...sabe aquela coisa de não deu p’ra arrumar lá no começo , mas dá p’ra arrumar p’ro final? Arrumar a casa agora para que no ano de 2114 possamos com prazer oferecer ao mundo e outras galáxias uma visão promissora de um país que correu atrás, que cuidou dos seus...E agora o que mostraremos? Uma reforma provisória que vai esconder aqueles pais q vendem os filhos em troca de comida para os outros filhos menores terem o q comer, os jornais que cobrem o asfalto de quem mora neles, a corrupção da polícia que mantém o acesso à artilharia pesada, a falta de controle do tráfico, os hospitais públicos com gente nos corredores cheirando à morte.
Não existe lugar perfeito e sei disso...O Mundo de Oz está a milhas de distância de qq imaginário, entretanto existem lugares em que ainda se tem organização e uma dose caprichada de bom senso.
Eu, se fosse o Sr. José, com o dinheirinho daqui e dali, compraria uma casa e deixaria de pagar o aluguel, quitaria minhas dívidas e depois compraria um Porsche.
Porque desde criança é o que ouço dizer: “se dá o passo de acordo com a perna”.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

.e só o acaso estende os braços a quem procura abrigo e proteção.

Eu não sei qtos e quais os remédios certos p/ essa dor de alma e tampouco sei o que se faz qdo o peito comprime assim desse jeito, qdo aperta até o ar não entrar nos pulmões e ficar encolhidinho como caroço de vento na garganta...e bem ali entre esse caroço e o peito fica a vontade de derrubar todas as lágrimas do mundo,mas de tanto derramá-las frequentemente ,vc descobre que não há o tto q possa chorar p/ sanar a dor.Não há o que fazer.É nesse momento que vc começa a entender pq ttas pessoas trancam-se dentro de si, qual a linha tênue que existe entre a emoção e a razão, o delírio e a sobriedade, a sanidade e a loucura.Neste percorrer cansado, nesse passo com os pés descalços e sangrentos que vc enxerga o quão vazio o mundo está, em como a palavra indivíduo cabe cada vez mais no nosso enredo pq haja o q houver, sempre estaremos sozinhos.O que vêem são seus olhos marcados de sono ralo,caídos e opacos.Ng vê o suor gelado, o medo estalado em cada fio de sua espinha, o cansaço nos seus ombros, a mente querendo não trabalhar mais .Infelizmente, a solidão é fel puro e seus demônios entram nos seus sonhos, se antes dormir era sinônimo de calmaria e pausa p/ coração, hj é lugar que se instalam pesadelos e daí vc acorda com o pulsar forte, gelada de novo, com vontade de chorar como criança e pular na cama da mãe.
Não há o que entender, ng explica, ng entende pq vc não sabe o que se passa e espera.
Espera um dia após o outro tudo virar verão de novo, espera para colocar de novo aquele vestido florido que tanto gosta, espera gargalhar de felicidade desprendidamente.Ver os cabelos brilharem de novo, o olho lacrimejar de êxtase, de tomar conta de quem precisa e espera em nome de Deus esquecer o quanto um dia o inverno foi tão doloroso.

sábado, 3 de outubro de 2009

.hit parade.

O compositor Cartola (Angenor de Oliveira) nasceu em 1908 e mesmo um século antes , já escreveu sobre mim.
Sim, esse é meu hit do momento.

" Preste atenção querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não será mais o que és...

Ouça-me bem, amor,preste atenção
O mundo é um moinho
Vai triturar seus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção querida
Em cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com seus pés"

.marcador de página.

Ela pediu outra chance ao céu, àquilo q não se enxerga...ao Universo, ao Cosmo, a alguém q pudesse ouvir e responder: "dá p/ começar de novo?". A resposta veio: "não".Ela sentou-se no chão do quarto olhando p/ seus livros e pensou em arrumá-los...viu q tinham 2 ou 3 ou 4 que não tinha acabado de ler ou q sequer havia começado, se leitura era seu maior hobby e agora nem isso lhe apetecia mais,o que mais seria bom sem ser ilegal?Via uma coleção de jeans que não lhe serviam mais...muitos deles presentes de datas comemoradas com brindes, respirações ofegantes, sorrisos soltos e todos esses momentos estavam encaixotados junto com os cartões de promessas vãs. Ali, encaixotado, também estava aquela pessoa que carregava espontaniedade, que vibrava com céu azul, que ouvia som alto em casa, que passava horas ao telefone aconselhando alguém sobre como a vida era urgente e como era bom estar dentro dela.Não tinha recomeço, todos os erros foram um grande estrago e só o que ficou foi um grande vazio sem éco.Td cheirava à alcool, cinzas, cigarro e ópio.Seu rosto no espelho estava marcado pelo cansaço, abatimento pela falta de sono, pelas noites juntando moedas p/ tomar o último copo...E agora, a vida soltava piadinhas, como se não bastasse obrigá-la a sair da cama. Jogou a isca de uma provável paixão, como se faz com um cachorro imundo q fica ao lado do mendigo...oferece-lhe um pedaço de pão e qdo ele chega tímido para pegá-lo, lhe é tirado. Alguém disse que esse alguém agora valeria à pena, que iria lhe estender a mão...q finalmente ouviria um éco no abismo e esse outro alguém responde:"bem, não estou pronto". Pq não deixá-la no seu percurso natural com sua vidinha medíocre ? Ei,vida: Não fode. Ela nem conseguia chorar mais, era tudo tão ridículo que estava se acostumando a conviver com o que lhe tinha sobrado..só estava difícil fingir. Fingir estar bem, fingir que era ainda a menina do passado. Sua aparência não lhe permitia usar disfarces, seu tom de voz, sua irritação, seu distanciamento. Precisava ocupar a mente e nunca pensar no depois, pq o depois seria pior q o agora.
Ela não conseguiu colocar os livros em ordem...pensou em atear fogo. Nos livros, nas calças, nas cartas, no passado e no futuro. Que idéia genial seria queimar a infelicidade que ainda está por vir? Se viesse alguma coisa boa, seria tão pouca q nem faria muito diferença...ela sofreria menos, se pouparia de ter q ficar escolhendo palavras, roupas, selecionando e se convencendo de motivos p/ ter q abrir a porta de casa.
Não tinha fósforo por perto....decidiu ir até o rádio e colocar uma música:

"...ninguém sabe o que aconteceu /uh uh/ ela se jogou da janela do quinto andar/nada é fácil de entender/dorme agora/ é só o vento lá fora..."

domingo, 27 de setembro de 2009

.e pq não?!.



Hoje assisti um filme chamado “O Procurado”.
Basicamente, trata-se de um rapaz que tem uma vida medíocre: o quadro pessoal lamentável e um trabalho deplorável...De repente, o encontram e o transformam (ou melhor, despertam o q estava adormecido) em assassino profissional, seguindo a carreira do pai.
Amei!

Terminou o filme e vim procurar no Google cursos de tiros.
Vou aprender a atirar....hobby.

.gui.

Sentada na guia , Guida virava pelo gargalo sem nenhum constrangimento uma garrafa de Stella Artois.Bem vestida, mas descalça, com os cabelos presos despretensiosamente e o olhar focalizado no ponto mais remoto no meio de uma sujeira e uma pedra no asfalto.
Um velho tocou-lhe o ombro dizendo saber de sua aflição, conhecia sua vontade de parar o mundo para que pudesse ajeitar o caos em que sua vida se transformou.
- Dou-lhe um mês...Terá um tempo seu para que se recomponha, para que se agrade de si mesmo novamente.Só seu tempo parará, quanto aos outros, permanecerá igual.
Alegrando-se da novidade, Guida cuidou para desfrutar de seus anseios.Com o tempo parado, pôde desacelerar o passo...Pensar e fazer tudo o que quisesse dentro do prazo que lhe foi dado,como não poderia medir qto tempo lhe restava, cuidou para zelar por si, por procurar alguns caminhos alternativos, repensar no que seria o amor, respirar sem pressa...andar a passos folgados.
Passado o tempo que lhe fora dado, o velhote volta e avisa-lhe que terá que retomar e participar da cronologia de todos os outros,sentindo-se mais preparada, voltou.
Deu por si que uma vez que parou literalmente para consertar algumas coisas que julgava errôneas,a vida seguiu...nada parou. E dado o fato que não estava participando do tempo dos outros, deixou de ocupar suas memórias, seus corações e suas vidas.
Parar o tempo para “ajeitar-se” fez com que tudo piorasse...Agora, as coisas tinham outro ritmo, estavam diferentes....em que ponto mudaram? Ela não sabia, esteve parada, alheia a tudo...A vida seguiu com suas mudanças boas e ruins, ignorando quem optou por parar.

Sentada na guia, Guida novamente descalça vê o sorriso sínico do velho:
- Ninguém pode cansar-se e sair do jogo...Tem que segui-lo até o final, desafiá-lo e esconder-se dele só faz com que as coisas piorem.Se não consegue, é lamentável para você. As pessoas continuarão caminhando, o vento continuará soprando...hora vento primaveril, hora vento úmido, hora tempestade, hora abonança... A vida pode ser uma maldição ou uma benção, a escolha é sua...assim como ficar sentada à guia ou recomeçar a andar tb é!Vc pode acabar com o estoque de todas as garrafas do mundo e parar o tempo qtas vezes quiser, nada ficará bem se vc não quiser que fique...todas as decisões são suas e não há culpados.Eu sugiro que se calce e tente alcançar o que perdeu, tentando em vão achar respostas no vazio.É vc quem dita as regras e é vc quem tem as respostas tb.
Guida respirou profundamente, levantou-se...olhou profundamente nos olhos do velho e quebrou a garrafa na cabeça dele.Espero que ele tenha morrido.

Fim.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

.teu grito acordaria não só a sua casa,mas a vizinhança inteira.

Pior de td é que já é amanhã, já passa da meia noite.Amanhã que agora virou hoje, terá no cardápio mais algumas horas conflitantes...Horas sem surpresas, horas c/ emoções limitadas, horas esperando as próximas horas que talvez sejam melhores.
E todos os dias são iguais.Garoa fina, céu cor de nada, folhas secas...o raio de sol é tão minúsculo que fica perdido perto do vento úmido.
Talvez haja algum dispositivo que desconheço que me faça parar de pensar, que tranquilize meus pensamentos...alguma coisa além de bebida e remédio que me entorpeça, que me traga algo de lilás pq eu estou farta do cinza.
Hoje terá um especial durante a madrugada sobre o Renato Russo e curiosamente, tenho estado muito compreensiva nos últimos tempos (mais do q costumeiramente) com as coisas que ele escrevia, do modo como ele enxergava toda essa parafernália de vida e como se torna , em dado momento, carregar a vida...Não tem manual de instruções, meu amigo.
Vou comparar a vida a uma TV.É uma TV que te dá acesso há 890 canais intergalácticos, te proporciona exuberâncias, mas não tem manual.Na sorte, vc consegue conectar-se ou achar um outro canal bem legal, vicia em alguns bons programas e acha que já sabe dos macetes....até que chegam alguns momentos que ela começa a dar problemas e vc manda p/ conserto.Porém, de tanto ir e voltar, consertar uma lasquinha aqui e outra acolá, já não é mais a mesma...Está danificada! Os programas de outrora? Restaram muitos poucos, agora o canal que pega direto e reto é aquele da chiadeira...Aquela tela que fica sem sinal algum ininterruptamente, apresentando um amontoado de chuviscos preto e branco.
O aparelho é bom, tem um monte de gente se divertindo com os que têm e não conseguem te entender, daí dizem: " Ei, como assim sua TV está ruim? O problema está com vc. Vc TEM q dar um jeito...mude , mexa em todos os canais, mande ao conserto novamente...Faça alguma coisa."
É nesse momento que falta-lhe coragem e disposição p/ explicar que lamenta muitíssimo, mas que cansou...Cansou de tentar repetidas vezes, pq é exaustivo, pq o canal bom sempre sai fora do ar uma hora ou outra, que na sua TV não tem o pacote completo...Nem sabe bem o motivo, qdo a recebeu, já veio diferente das outras e teve que dar seu jeito durante todo o tempo.
Acho que a TV do Renato Russo se parecia muito com a minha, pq essa chiadeira enlouquecedora que vem dela não quer passar há muito tempo e creia-me, está acabando comigo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

.stos dumont.

estou ao lado do aeroporto de Congonhas (trabalho a passos de distância)
sabe o q eu queria agora? funcionaria como segunda opção para o momento,haja vista que a primeira é minha cama, que inconvenientemente está a um raio de longividade temporal de 1 hora e meia (cerca de).
voltando.
agora queria dar alguns passos até o aeroporto, ver o voô mais rápido a sair e escolher no unidunite (viagem curta), algum lugar q faça calor...chegar lá, até o então desconhecido, tomar um drink q nunca provei, pisar na areia fofa , sentar sozinha, entender q certas coisas valem à pena e voltar.

fim.

.dançar lentinha.

Hoje vim trabalhar 2 horas depois do normal, nem viria na vdd...só vim pq outra pessoa não tinha chegado qdo liguei e meu cargo e responsabilidade e toda essa lorota, exigem que eu cumpra com meus deveres e obrigações.
Estou com uma tosse infernal, começo de gripe, dor no corpo e um desejo infinito de ficar na cama.Mas não é só meu corpo que pede não,é minha cabeça também...principalmente ela,aliás.
Nem sei como vim parar nesse ponto, mas cá estou eu, metaforicamente falando, sentada na guia como menina,apertando os joelhos contra o peito, com a chuva caindo sem intervalo, querendo que tudo fique em silêncio...querendo somente deitar no colo da minha mãe e ficar ali, bem quietinha.
Mas estou viva e tenho que fazer jus a isso...tenho que rir, pagar minhas contas, atender e ligar p/ meus amigos, abraça-los sempre, repetir que está tudo bem, não afligir minha família com preocupações banais e tenho q deixar minha cama.
Fiquei resisitindo um tempão para não escrever sobre esse bombardeio de emoções difusas, mas quer saber? Foda-se. É uma fase foda? Sim, é...pq não falar sobre ela?Essa história , ainda que estranha e cinzenta, fará parte da minha grande colcha de retalhos....e hoje é assim que me sinto.Sei de algumas razões que me fizeram ficar assim e desconheço um tantão de outras, mas o fato é que não me sinto feliz na maior parte do tempo.
O que me incomoda e muito é que a vida é muito árdua, é muito ali, sabe? Regada a mortes de leões, a sucessivas batalhas, à artilharia pesada....Acredito que no MÍNIMO deveríamos estar felizes 87% do nosso tempo. Bicho, seguinte: NO MÍNIMO.
E td é teoria...tudo é letra solta, td é letra de música, td é comercial de TV. Pq no ringue, no dia-a-dia, a história é outra...É grana q falta, é coração que só apanha, é trampo total canoa furada, são imposições da sociedade, que mesmo fingindo ignorá-las, estão te cercando full time...Então assim, pq não citar meu descontentamento? Hoje tá punk mesmo....essa semana está punk para ca.ra.lho...com um pouco de sorte, isso td melhore MUITO....pq melhorinhas sempre tem, alegrias fracionadas e tals...mas melhorooooooooona que se diga "poxa,nossa, nossa, que melhora" (como dizia o Chaves), essa é quase uma utopia já.
Vai passar? Velho, não sei...faço a mínima idéia, por enqto convivo com isso e tento driblar...vou empurrando sem gdes anseios, quem sabe uma hora dessas mudo o rumo da prosa?
Por hora é o q temos p/ hj.


p.s.: Sobre o título, é q eu estava pensando em que tema colocar (pq só coloco depois q escrevo td), daí não consegui achar nada p/ escrever, foi qdo começou a tocar uma música lentinha no rádio e imaginei dançar lentinha, daí escrevi isso.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

.não to matando, nem roubando.

O.D.E.I.O. ônibus e já registrei isso diversas vezes... Nossa, como me incomoda utilizar um meio de transporte cheio de neguinho que vc não conhece, mas que divide uma parte grande (dado o acúmulo de horas) da sua vida. E todo mundo com aquela cara de "to fingindo q to sozinho". Não tem jeito, é mal visceral já, peçonhento...ODEIO 4ever.

Então....como se não bastasse a vida severina de frequentar diariamente de tal benefício público e vez ou outra assentar-me em lugares mornos recém usados por desconhecidos, estou com uma tosse há mais ou menos 2 semanas (sim, já me falaram que pode ser tuberculose...ãh?não ouvi vc isolar...isso, ok, obrigada...mas como li "The Secret", sei q o Universo não me mandará tal pestilência pq mentalizo "tenho vida saudável" constantemente).Continuando...onde estava mesmo? Ah, sim...a tosse.

Crise de tosse em ônibus? Opa, gripe suína. Neguinho te olha com uma cara...mas uma cara que eu deveria gravar pq é inenarrável..."estou me tratando, minha senhora, tomo meu xarope todos os dias..vai passar ".
Acho que por dentro, eles querem me matar, me arremessar fora do transporte comunitário bem ali, em cima da lama...Eles me odeiam pq eu tusso.E agora, espirro tb...to meio gripada de ontem p/ hoje, sei lá.
Ah, preconceito vai...só pq dá no jornal q aglomerações humanas são foco da doença me discriminam? Já não basta a humilhação de ficar ali dividindo o mesmo espaço com todo mundo, de ouvir cobrador e motorista ficarem conversando (gritando) um com o outro, cada um de seu respectivo lugar, de gente ficar te medindo o tempo todo, de ficar 48 pessoas paradas na porta, sendo que NÃO vão descer, fato que me faz perder algumas vezes o ponto correto?
Me deixa com a minha tosse q ainda estou na vantagem.

.blãrh.

Sabe aquele dia q vc tem vontade de mandar TUDO p'ra puta que o pariu? Tudo, tudinho mesmo? Pois é.
Bicho, na boa...To a fim de ficar de meia e roupão o dia todo perambulando pela casa,ou melhor, sair da cama, tomar um banho e edredom de novo. Sair p/ perambular só p/ fazer xixi ou comer qq coisa.
E qdo pergutarem: "Vc não vai trabalhar,não?"
Eu : "Não, não to a fim....cansei. Descobri que felicidade não é mostrar pra meia gente que vc ta ralando, q é batalhador, que não tem porra nenhuma, mas ta na briga do dia-a-dia. Cansei de provar que estou bem pq tenho um emprego meia boca, que sou legal pq saio de casa p/ tomar umas brejas, pq to sem grana, mas me viro pq nunca deixo a petéca cair...Felicidade é estar de roupão, de meia, com controle remoto por perto assistindo séries na TV ou qdo enjoar agarrar um livro com um copo de leite ninho em pó ao lado e telefones desligados."

Chega de gente , de conversinha, de receitas de realizações....de ficar falando q tá td bem qdo td tá uma merda. Mas vc TEM a falar q tá td bem pq senão não fica um neguinho do seu lado, pq todo mundo finge q tá td mil maravilhas, td mundo finge q são td flores pq se alguém reclamar....se alguém ousar falar q rotina é um saco, que sair de casa nem sempre é legal, que está a fim de ficar sozinho e não quero conselhos folhetim, ah meu amigo....se alguém OUSAR ser desagradável a ponto de ser honesto, morrerá sozinho pq será o infeliz, deprimido e chato da turma.

Ok. To reclamando demais...daqui a pouco ng mais lê o q escrevo pq afinal de contas, ng se sente assim e todo mundo AMA a vida que tem...Qualquer semelhança com o Show de Truman é mera coincidência.

=s

.futuro do pretérito.

Hoje estava chovendo muito pela manhã.
Desci no ponto de ônibus próximo ao trabalho e enqto o farol estava fechado, ao lado da faixa, estacionou um carro preto, desses modelos novos.
Saiu de dentro dele agilmente, uma mulher bem apessoada, de óculos, cabelos úmidos e rindo...Não gargalhando, sorrindo de alguma coisa engraçada que acabara de ouvir.Deu a volta no carro e abriu a porta de trás.

- Vc é tão engraçada! Vem filha, vem logo porque estamos atrasadas.
- Mãe, abre o guarda-chuva.
- Não precisa, eu te protejo, vem...eu pego a mochila.

Em frente era a escola da criança. A mãe cuidou para bater a porta do carro e proteger a filha (de cerca de 4 anos) com uma parte do casaco, cobrindo-lhe a cabeça e seguiram a caminho do portão.

Me distrai e nem percebi que o farol tinha aberto sei lá qtas vezes, elas ficaram conversando algumas coisas entre risos enqto esperava a abertura do portão e eu segui andando.
Andando e pensando naquela cena...naquela e nas antecedentes.
Vi a mãe se preparando p/ levar a menina, correndo com o café da manhã, convencendo o relógio a se atrasar, driblando alguma preguicinha da criança presente no alvorecer chuvoso e na hora que estava quase parando o carro, quem saberá a pérola que a pequena soltou que desangatilhou o seu riso?

Qual será essa seleção louca que a vida faz,né?
Quem de fato é escolhido para ser mãe, p/ levar o filho p/ escola, p/ protegê-lo da chuva e voar p/ casa p/ preparar-lhe o almoço?
Quem é selecionado para contar uma boa história e velar o sono de um téquinho de gente?

Me imaginei nessa situação algumas (muitas) vezes na minha vida...tinha esquecido de um sonho remoto, mas qdo me deparei com essa cena foi como sentir saudade de um futuro que seria hoje, que nunca chegou a acontecer e que nem aspiro mais.

.quá quá quá.

A vida é uma grande anedota.
Você planeja uma coisa, quando tem um monte de fichas p/ apostar e de repente, se vê com 30 anos e nem chegou em um terço, nem possibilidades de alcançar. O que se faz? Muda-se os planos?
Acontece que, qdo passados vários anos e qdo fez várias manobras e reergueu-se inúmeras vezes, já está meio sem fôlego para traçar uma estratégia de ação.Dosa-se muito mais os tombos, os futuros intempéries e acaba por ficar inflamado de desânimo.Eu mesmo, sempre fui ávida impulsiva e intensa.Fosse o que fosse, sempre me dava conta do estrago a qual me submetia, quando estava todo esfolada após ter me jogado de 20 andares, profissionalmente e principalmente emocionalmente.Sempre preguei que a vida é uma brisa muito, muito curta e que eu tinha q vazer jus à minha existência, mesmo que isso pudesse me causar algum dolo.
O que esqueci de relevar é que da mesma forma que é curta, a vida tb é frágil e não são duas borrifadas de gelol que faz passar a ferida.
Dado uma certa idade e um certo tempo, vc já está mais descolada, menos despreparada, mais calejada e modestamente mais sábia, porém não tem mais o tempo que tinha em mãos para agir melhor em determinadas ocasiões que se passaram...Chavões taxam que tudo é um grande aprendizado, que tudo isso (anos que passam e tombos que levam e escorregadas na lama) são uma bagagem de inestimável valor. Para quem? Eu perguntaria.
Sim, pq se for para nós mesmos queridos, francamente...Depois de ttos percursos, de tto nos perdermos em nossas ruas interiores, tudo o que aprendemos é ficarmos mais reclusos, mais sensatos, menos vivos. Menos vivos.Digo porque há vivacidade no que não é feito pela metade, quando há entrega total e confiança cega.Confessemos, depois de tanta labuta, tantas batalhas perdidas e dissabores, podemos tentar novamente (até pq é humanidade natural), mas com qual gana? Com qual obstinação?Com qual denodo nos empreitaremos novamente em algum jogo passional ou profissional ou familiar?
Vc sempre acredita, sempre acha que dará certo e morre na praia.E td vira experiência para passar adiante...para pessoas mais novas, que ainda estão no começo e vc tenta dizer-lhes para não pegar atalho, para não se jogarem tão repetidas vezes, mas elas não escutam.Pq cada vida carrega consigo uma experiência única, cada um tem uma jornada pessoal.
E preciso dizer que muito cansada. Cansada de cicatrizes mal fechadas, de rusgas que ficaram e que não consigo selar. De viver um dia de cada vez, esperando por algo que soe como um milagre, que me arranque desse ciclo de plantio sem germinação.
Amar dedicadamente e ter de volta (qdo se tem) fiapos para repor o que se dá ;investir na carreira profissional e descobrir que está estagnada...ter de pensar e achar alguma solução incansavelmente.Sem trégua.Sem ar novo...Dia após dia garimpando alguma resposta que justifique o porquê das escolhas da vida.
Hoje pela manhã minha mãe :
- Ore filha, reze...Deus te ouve.Peça o que te fará feliz.
- Faça isso por mim ,mãe. Eu cansei.

Não que eu tenha perdido a fé, mas o que dizem é que tudo acontece no tempo de Deus, então acho melhor pedir apenas pelos que eu amo e não muito por mim, pq será no tempo Dele mesmo.
Ontem tive uma sensação muito boa pq conheci alguém muito legal, tivemos uma conversa gostosa na segunda-feira à noite e fiquei com resquícios de pensamentos , sabe? Sabe qdo fica lembrando de frases e pontuações? Então...foi isso.Só isso. Pq depois de tanto tempo esperando alguma coisa de verdade de alguém, a gente acaba esmorecendo.Pq temos que entender o tempo dos outros, as razões dos outros, a verdade e teses dos outros.
Pq as pessoas dão o que querem na hora que querem e não podemos obrigá-las a andar no nosso passo...Foi só uma brisa legal, melhor pensar assim, pq qto mais espero,mais me frustro.
E em outra postagem falo sobre o meu trabalho...muito provavelmente postarei falando sobre a demissão que pedi.
É, a vida é uma grande anedota e de vez enqdo ainda dou boas gargalhadas, até que me canse delas tb ou elas se cansem de estarem presentes.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Gi.



Quem já assistiu " Ele não tá tão a fim de você?". Eu super recomendo....quase o filme da minha vida.Não só por ser muito bom, mas pq o personagem Gigi ( Ginnifer Goodwin) é total minha pessoa.
Sem falar que transbordei de lágrimas por tb ter me encontrado no personagem de Jennifer Aniston (Beth), que namora há 7 anos , amobos se amam, mas ele não quer casar-se....mas essa é uma outra história, q passou (acho).
A questão é que o mesmo drama pastelão vivido por Gigi é o que eu encontro vez e outra. Eu sempre acho q "dessa vez vai"...Td bem q sou um pouco ansiosa e tals, mas me controlo. Não sou explícita e fico ligando e pegando no pé...Mas queria entender o porquê de conhecer um cara incrível, ele te encher de carinho e de frases encantadoras , prometer ligar e não ligar.

Pq o sujeito fala: amanhã te ligo.

Porra, não causa fissura ,meu amigo...Fala no inverno de 2014, fala no próximo Natal, fala daqui a 2 semanas ...Mas não fala : AMANHÃ se não tem a pretensão de fazê-lo.
Acho que se fizerem uma pesquisa apurada, verificarão que muitos casos de úlcera nervosa se dá pelo fato da paciente não ter uma promessa cumprida por algum idiota solto por aí.
Psych Serials, eu diria....gente q não pica a gente em pedaço e joga pela ribanceira, mas retalha o nosso emocional.Daí o que eu faço? Me recomponho, respiro mil vezes e depois de um tempinho curto cometo o mesmo erro...Td de novo.Caio na lábia de algum insano pela vida afora.
Hoje conversei com a Sam e decidi: Chega vai.

Na boa? Chega.

Agora vou me concentrar em mudar de emprego (p/ ontem) e começar a me aplumar p/ morar com o Fe ano q vem , amigo amadíssimo q anda no msm pé que eu, que tb participa do clube das "Gigis".

Fim vai.

=/

sábado, 19 de setembro de 2009

.nem td q reluz é ouro.


Hoje é a formatura da minha amiga/ irmã Bia (de Beatriz), amiga de longa data e blá,blá, blá...me deu o convite pq me considera da família, ou seja, tenho que ir mesmo.
E qq pessoa em sua pura saniedade gostaria de ir, dados os fatos que: bebidas de A a Z estilo Open Bar , da minha preferência cerveja "Original", jantar a noite toda, banda maravilhosa, encerramento com escola de samba.

Uau,né?! Não.

To aqui toda emperiquetada esperando ela passar aqui...Arrumadaça mesmo, mas não to numa energia boa...acho q é pq , de repente quem sabe, seja pelo fato de que vou com:
Bia (formada, ocupada o tempo todo pq é o DIA dela)
Celso (marido da Bia)
Dé (amiga da Bia q adooooooooooro para caramba)
Yuri (marido da Dé)
Pais da Bia
sobrinha da Bia (11 anos)
CASAL (amigo da Bia)
e eu.

Acabou a lista.

Tem dia q levo de boa, mas hoje to de saco cheio...Empapucei de estar sozinha, sabe? De responder um questionário com perguntas do tipo: "e vc e o Caio, terminaram mesmo?" " e aí, saindo bastante...claro,né...vc é a balada em pessoa"
Não, meu velho, NÃO SOU a balada em pessoa.Quer saber? Nem gosto muito mais, foi-se o tempo q chegar às 7h da manhã com a maquiagem borrada, pé doendo, fedendo bebida e cigarro, significavam diversão.
Até vou...mas agora MUITO menos onde vale à pena ( Ventania, Sarajevo, Dolores) e fora isso, um barzinho, papo gostoso.Mas as pessoas q estão de fora, sempre pensam que tenho um globo de disco (daqueles q ficam rodando e brilhando) dentro do meu peito.
Qdo saio, é pq não tenho muita opção...saio p/ conversar com meus amigos, dar risada, me sentir viva.Nem chega perto dessa coisa baladeira q me mistificam.
Um parente passa aqui num sábado à noite e lança : "vc em casaaaaaaaaa? como assim?!"
Hoje queria ter alguém p/ ir comigo lá...p/ dar aquela voltinha qdo a gente cansa de ficar sentada,sabe? Qdo quer alguém p/ te fazer companhia até a pista...p/ dançar de par.
Td bem, estou sozinha e isso abre o leque p/ conhecer alguém legal.
Alguém legal? Kiss my ass.
Vou fazer jus a minha fama e dançar até o dia raiar, beber muitas "Originais" e borrar a maquiagem.

É o q temos p/ hj.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

.pintaram o muro de cinza.

Eu conheci a Renata na faculdade.
Um dia, eu e minha turma saímos da classe e ela estava sentada na escada, fumando um cigarro.Ela fazia psicologia e eu,Letras. Curioso q o andar dela nem era o mesmo que o meu, mas ela estava lá.
Sentamos na escada tb e ela puxou assunto, falamos sobre várias coisas e descobri que ela tinha um jeito muito particular de ver a vida.Não se importava por exemplo, de estar ali sozinha conhecendo novas pessoas, não ligava de ir ao bar e beber sozinha no balcão se estivesse rolando um bom som. Mais tarde, vi que ela tb não ligou em puxar uma flauta de dentro da sua mochila e começar a tocar. Seria normal se não estivéssemos numa roda de samba.
Passados alguns meses, ela sumiu da faculdade.Liguei para casa dela e a mãe dela me disse que ela estava internada numa clínica psiquiátrica.Perguntei: "mas como assim, de repente?" e a mãe dela lamentou:" Não foi de repente, ela estava em depressão faz tempo".
Na época eu e toda turma, não tivemos a sensibilidade , nem a maturidade suficiente para enxergar o que realmente ela queria dizer quando filosofava sobre a vida. Quando ela dizia que a vida sempre estava por um fio, que deveríamos viver intensamente, embora a maioria das coisas fossem incertas e que uma hora ou outra, nos machucaríamos, mas que não deveríamos parar. Não entendi que muitas dessas coisas que ela dizia era para se convencer.
Não tive o discernimento de compreender o qto deveria ser dífícil para ela ir sempre p/a a facul, plantar o futuro, se fazer clara no que dizia.Talvez muitas vezes a alegria exagerada que ela apresentava era uma forma de camuflar o desespero.
Renata precocemente viu que a vida é uma viagem difícil e que basta algum mecanismo dentro do carro (que somos nós) não estar nos eixos para que tudo desande. Hoje é possível ver que na época ela descobriu que decepções vem aos montes, que a briga é árdua e exaustiva e que nem sempre estamos dispostos a recolher os cacos e continuar.
Ninguém entendeu quando souberam (inclusive eu) que ela tinha jogado a toalha, que não venceu a batalha contra ela mesmo.Falávamos frases feitas do tipo " Não há motivo para que ela esteja assim. Tem saúde, boa família, amigos...Não há do que reclamar, uma vez q existem problemas maiores". O problema maior que há de existir é aquele que independe do outro, é aquele que tem que ser resolvido com uma única pessoa: você mesmo. Doença visceral de alma, quando o cérebro começa a desencadear questões sem respostas e te cobra para supri-las.
A dificuldade está em desafiar-se diariamente a reagir, a ser um bom cidadão, a pagar suas contas, a ser um bom (oa) filho(a), exímio amigo, bom profissional e não sucumbir a tombos, não deixar-se abater frente a dessabores, ainda que sejam em cadeia...um atrás do outro.As coisas começam a declinar, não vê saída e dentro de vc, inicia-se uma série de conflitos.Ao mesmo tempo que tem q lidar com isso , é necessário que continue a ser agradável, otimista e responsável.Uma vez que a disfunção é interna e não visível aos olhos, ninguém compreende que tudo que precisa é de algum tempo para que as coisas aliviem e finalmente entrem nos eixos.
Conseqüentemente, em busca de respostas , acabamos por nos perder em nosso labirinto interno. Temos um inimigo dentro de nós que começa a ver muitas coisas cinzas e turbulentas, ver o lado mesquinho e o quanto a vida , que antes era tão prazeroza, passa a ser incômoda.
Começo a divagar e pensar no Renato Russo, cantor que admiro e respeito muito. As letras das canções dele eram evidências claras de como em dado momento as coisas são desordeiras.Cazuza em sua implacável ânsia de viver, optou por algo na contra mão e acabou indo embora cedo demais, como tantos outros, até mesmo Elis Regina. Alguém pode até falar sobre o consumo excessivo de drogas e álcool e por isso o fim desastroso.Mas o que dizer sobre o que realmente aconteceu antes para que enxergassem uma saída através da corruptura de seu próprio corpo? Quando não há saída aparente, o desespero toma conta e ele nunca tem uma boa opção.
Não sei o que aconteceu com a Renata. Terminei a faculdade e nunca mais ouvi falar sobre ela.
Gostaria muito de saber como ela está agora e conversar sobre algumas coisas que eu desconhecia.Na época.

sábado, 5 de setembro de 2009

Turma de 2001.

Tava aqui lembrando dessa mesma data que precede o feriado de 07 de setembro.
Oito anos atrás....

Estava na faculdade e andávamos em 3: Eu, Dani e Paulinha.
Nós três estávamos sempre juntas e algumas outras muitas vezes (mas nem sempre), estavam: Veri, Claudinha,Douglas,Che (o nome dele é Sidarta {significa : aquele q trás o bem}, mas tinha o jeito delicioso de Che Guevara...absurdamente encantador, mas uma hora dessas escrevo só sobre ele. Ele merece um post só dele), John e a Grace (amiga de infância da Dani,mas q não estudava com a gente).

Pois bem, dados os personagens, vamos aos fatos.
Logo no começo do ano já víamos os feriados, sempre viajávamos neles e quando não, ficávamos na casa da Dani pq a mãe dela ia p/ chácara perto de Piracicaba, se não me engano.Nos divertíamos horrores...HOR-RO-RES. Foi a melhor fase da minha vida, sem concorrência com qq outra.
Saímos sempre, nos ligávamos todos os dias e ficávamos esperando uns aos outros na escada ao lado da classe para entrarmos todos juntos.Tínhamos assunto p/ tudo...Tanta coisa boa dessa época que daria um outro blog só com o tema "Facul".Mas voltando à pauta, hoje quero falar especialmente desse feriadão há 8 anos atrás.

Dormimos na casa da Dani, depois de uma ida a um bar. Chama-se "Bar da Praça" onde as comitivas countrys se encontravam (sim, eu tb fui de comitiva).Estávamos jogando truco e o cara na madrugada tava lavando o chão mandando a gente embora...Decidimos continuar na casa da Dani.Conversa na madruga, todo mundo lá reunido, bebendo p/ caramba e a Dani falou:
" Nossa, q momento louco. Sé, seremos amigas p/ sempre? Vc jura?"
" Juro. Opa, Dan...sempre."
" Vamos marcar esse momento...A gente tem q fazer uma tatoo"
" Minha mãe não deixa"
" Num lugar q ela nunca veja"
" Eu topo. Isso vai marcar a gente p/ sempre e nunca nos esqueceremos uma da outra."
" Amanhã cedo vamos comprar uma revista e escolher".

A Paula não quis fazer, o resto do povo achou q fosse papo de bêbado.
O namorado da Veri era tatuador e ela já tinha umas 6 tatoos na época, acho.
Caiu num domingo: 07-09-01.
Compramos uma revistinha e apontamos: É essa.

Escolhemos um mantra chinês de proteção, compramos uma cx de breja e fomos p/ casa do namorado da Veri. Eu, Dan, Paula e Veri.
Lembro numa clareza absurda...Pode até ser simples e banal p/ quem tem uma tatoo no corpo e pode ler e falar: bela merda. Mas velho, foi uma das melhores coisas q já fiz.
Fizemos no cóccix (é assim q escreve cóx?! não sei e to com preguiça de ver no google).

Nossa amizade é eterna sim.
Fui madrinha de casamento das duas, Paula e Dani.
A Dani tá lá com os dois filhos lindos dela e não nos vemos tto qto gostaríamos, mas nos falamos e temos o amor de sempre. Num sábado desses aí, tava em casa à toa de tardizinha e tocaram a campaínha, qdo abri a Dani me surpreendeu com o filho mais velho dela.
" Oi Sé, tava passando e falei p/ Gui : Vamos dar um abraço na tia Selma!"

Tia Selma....rsrsrs...q delícia, né?
"Ontem" estávamos sentadas na escada planejando qual seria a boa p/ final de semana e hoje, sou a Tia Selma.

Com a Paulinha falo com muita freqüência, embora não a veja por conta da distância, por causa de trampo q não bate horário, mas preciso ir na casa dela urgentíssimo.Nos falamos com o mesmo carinho e nossas conversas não se resumem a " td bem sim, vê se aparece...". Graças a Deus, ainda são papos longos e atualíssimos, não vivemos só de nostalgia.Estamos sempre nos acompanhando, de um jeito ou de outro, presentes na vida uma da outra.

E a tatoo...toda vez q a vejo, sem dúvida lembro de uma época maravilhosamente feliz!


*beijos p/ turma de 2001.amo vcs*

=*


(só p'ra constar: não se esconde uma tatoo pelo resto da vida, isso é papo de bêbado,ok?)

.festa estranha com gente esquisita.

Cara, hj é sábado....Precisamente dia 05/09/09.Segunda é feriado,logo, hoje é um dia morto.Não teria o PORQUÊ de trabalhar, mas fomos castigados.
Sabe, hoje não é meu sábado de trabalhar, trabalhamos aqui por escala em vendas...Mas esse é o QUARTO (4º) sábado consecutivo que eu trabalho...Contando o sábado q foi meu, o outro q me ligaram numa sexta à noite (21h) em casa dizendo +/- assim : Vem amanhã pq a casa vai cair..., o sábado passado q teve evento e fiquei o dia todo em pé sendo apurrinhada e hoje.
Hoje pq quem era p/ vir , não veio...ia sobrar p/ uma das outras duas. As duas têm filhos e falaram p/ mim: Sé, se precisar msm eu venho, não tem problema...(elas são foda mesmo, sei q viriam...) . Mas pensei: porra, elas tem filho,né? Caramba, a única q não tem sou eu...Elas tem q aproveitar um sábado ensolarado com os filhos...E eu? Ah, eu me viro.

To aqui. To aqui e tá td deserto, telefone não toca e não entra ng. Mas o q me emputece mais não é isso...O q me emputece mais é que tem mais meia dúzia de neguinho q vieram trabalhar q estão aqui na recepção (ao lado da minha sala) vendo sei lá o q na net e gargalhando...e se mijando de rir...e um deles faz um comentário SUPER estúpido e a galera se raaaaaaaaacha de rir.
To mal humorada mesmo...Alo- ou!!! Hoje é sábado, de sol,"imenda" de feriado, to exausta, to sofrendo uma pressão dos diabos nesse lugar, terça fui ao médico e soube q to doente,queria ficar na cama e ao lado estão de festinha.
Hj não to a fim de clichês do tipo: "Tá no inferno, abraça o capeta" ou "se a vida te dá um limão, faça uma limonada" ou "veja o lado positivo".
O lado positivo sabe qual seria? Estar saindo agora (10:20h) da cama. Não tirar o pijama, escovar os dentes, descer e tomar café preto da minha mãe. Acordar devargarzinho, manja?Esperar a Vivi (minha sobrinha/afilhada) adentrar pela sala gritando "Bááááá" (q sou eu), cheia de chuquinhas no cabelo e ficar zoando com ela p/ lá e p/ cá. Positivo seria esquecer que esse lugar existe.
Sabe do q eles estão rindo agora? Acabei de ouvir: "Olha essa palavra: SUCULENTO...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk....Tipo: Suco- Lento, entendeu? Como assim?kkkkkkkkkkkkkkk..."Juro....é mais ou menos disso q eles estão MI-JAN-DO de rir.
Fala! Fala se eu tenho saúde p/ isso...Risadas em coro...Alto.

Pq Deus? Pq?
Não to recalcada não, Jão. To é emputecida pq to aqui.
Estudei tanto, mas tanto....P'ra que?

Sábado de sol.
Hoje era dia de alugar um caminhão....................................

=/

entrelinhas

.sabe o q eles fizeram agora? Depois de meia hora q eu postei acima?Vieram aqui na minha sala e disseram: Puuuuuuuuta sábado lindo e vc aí, quietinha??? Q q fooooooooooooooooooi?.


.tenho certeza q isso é um pesadelo, daqueles q a gente pensa q acordou, mas ainda está nele...isso não tá acontecendo.Não está.

domingo, 30 de agosto de 2009

Plin Plin

É que às vezes é complicado andar no ritmo que o sistema pede. Que a sociedade, as pessoas e a mídia pede.
Cara, isso tudo é muito estranho. Nem curto muito modismos,mas quando vc vai a uma loja comprar alguma coisa, o que tem p/ momento é o que está na moda.Pq é descolado, pq é fashion, pq não sei quem da novela usa e pronto. Tá na Globo, querida? Vc tem q usar tb...E acho tudo isso falso.
É falso vc olhar p/ TV e não se ver, não se identificar. É terrível vc desfolhar uma revista e ver gente que está há anos luz do que você possa se parecer. Nem me frustro, pq falsidade e essa carga de imposições irreais não dá p/ frustrar, mas dá p/ irritar.
Detesto TV por alguns motivos, entre eles por influenciar tanto a massa a ponto de decidir sobre o rumo que tomará sua vida amorosa e o tipo de cabelo que vai usar.Revista? Algumas excelentes q lembro de cabeça “ Bons Fluídos” ( assino e sou super fã fiel), “Vida Simples”, “Piauí” ,”Época”...Agora, por misericórdia, não me venha com tipo “Cláudia” e “Nova”.
Muita coisa me deixa puta ou no mínimo me faz respirar fundo e pensar: “ q merda,bicho!”
Conheço um mte de gente e acabo ouvindo coisas assim...que” tal balada só tem gente bonita”, que “PRECISA de um perfume da marca tal” ou quando se descreve alguém “ Fulana estava linda. Com um vestido da marca X, bolsa da marca Y e lingerie da marca Z”.

Futilidades. Idiotices.
Caramba...eu tenho mesmo q conviver com gente que é o que tem e não o que é? Sim. Todos temos...que pena,né?!
Não leia esse post achando que sou uma baranguéte frustrada com dor de cotovelo....opa! Ainda tenho uns fãs aí, hein?!rsrsrs...A questão não é essa, a questão é q inteligência não permite ser posta à prova. Que não é possível que esfreguem na nossa cara uns absurdos assim...Pregando como devemos nos portar, vestir, falar, pesar, comer...quem devemos amar. Tem enquete dizendo qual o seu tipo de par ideal, como vc deve ser boa/bom na cama. Programa de TV que filma o dia-a-dia de uma família para corrigir o que há de errado.Gente q vc nunca viu na vida, dando pitaco.
Galera: Amor. Receita é essa: amor. E cada um sente de um jeito.
Não sou eu, nem um cara q estudou em 80 países , nem uma Consultora,que vai saber o modo certo...Bicho: Ame.
Ame-se, ame errado, ame diferente....ame o próximo. Amor serve p/ tudo....Tudinho.

A pessoa q está bem com ela mesmo, vai acabar achando a roupa certa a por, a balada certa a ir, o perfume q lhe cai melhor...E na maioria das vezes, ela não está bem consigo mesmo pq não corresponde às expectativas de uma sociedade hipócrita que dita uma cartilha de felicidade estúpida.

“Viva! Viva a sociedade alternativa!!!
Viva Raul!!!!”

branco.

Semana passada, voltando do trampo, ônibus lotaaaado. Imagina, horário de rush. Trabalho ao lado do aeroporto de Congonhas,pego a Washington Luís e tals...Ou seja, punk.
Mas eu estava com meu salvador Ipod (obrigada a quem inventou o Ipod, pq ele me salva todos os dias.Que delícia ouvir as músicas que amo, alheia a tudo que se passa...Eu juro que ia pesquisar quem inventou no oráculo Google, mas to com preguiça agora...depois vai...).Então, estava eu sentada de um lado do ônibus , no meio milhares de pessoas em pé não me permitindo ver quem estava sentado na outra fileira.
Foi quando me chamaram.

- Psiu, oi Selma.
(alguém q estava em pé me cutucou pq eu estava com o Ipod, sinalizando que outra pessoa sentada na outra fileira estava me chamando e generosamente, deu um espacinho para que eu visse quem era)
- Oi!!!!! Nem tinha te visto, desculpa...ônibus cheio.
(Era a irmã da minha amiga, amiga de uns 10 anos, Bia. Mas eu simplesmente não lem-bra-va o nome na irmã dela q estava ali na minha frente...q agonia isso)
- Então Selma, como está? Vai ser a formatura da Bia em setembro, vc vai né?
- Vou, vou sim....onde será mesmo? (e o nome dela nada, nada....)
- Patati, patatá....e Selma, patati, patatá, né Selma?
- É mesmo, linda...E blá, blá, blá (pfavor....é só um nome cérebro...e eu recebi um e-mail q falava q se a gente não forçar a lembrar das coisas na hora, quando fica velho, pega Alzheimer...)
- E vc , já casou? E o Caio?
- Não, me separei....Faz um tempo já, fará um ano, Dé.
( claro q a essa altura o ônibus todo estava prestando atenção na nossa conversa....e me dei conta, Débora é o nome da amiga da Bia q adoro demais,não é o nome da irmã dela...e lancei um “Dé”...pueeeeeeeeeeeetzzzz)
- É mesmo? Mas ficaram tanto tempo juntos....pq não deu certo? Nem dá p/ imaginar vc sem ele...
( aí não,né?! ainda esse assunto? Não me faça chegar em casa e ficar chorando ouvindo Roberto Carlos, pfavor, sem-nome...Clemência!)
- Deu certo no tempo q tinha q dar....e seus pais?
- Então, Selma....tão bem e sijbfa isfjbajsk fbajsbnd ams dahusbjk sdbfas kdbfgau.
- Que bom...Vamos marcar alguma coisa, meu! (frase de praxe...)
- Vamos, Selma....Mas a gente se vê na formatura de qq modo..
( pára de falar meu nome 1000X, q tortura....ai, eu vou lembrar...eu preciso lembrar....Bianca não, Tereza não, Angélica?! Não, não....Márcia? Ela não tem cara de Márcia....)
- Vou descer, Sel. A gente se fala, ta?
- Tá bom, amore...adorei te ver, viu?! Dá beijo lá em casa.


Ela desceu do ônibus.

Lembrei! Andréia!!!!!

Ipod.

Não aguentei, fui pesquisar sobre o quem inventou o Ipod e olha o absurdo que eu descobri:


“A Apple finalmente admitiu que um inglês que deixou a escola aos 15 anos é "o inventor do iPod", diz o
Daily Mail. No caso, o homem é Kane Kramer, que supostamente teria inventado a tecnologia que move os players da Apple (e de outros fabricantes) 30 anos atrás, mas não viu nenhum retorno em seu investimento (...)
O inventor desconhecido criou um conceito chamado IXI em 1979. Era um tocador de música digital do tamanho de um cartão de crédito, com uma tela retangular e um botão de menu central. O aparelho armazenaria apenas três minutos e meio de dados em seu chip. Segundo o jornal, Kramer conseguiu patentear seu invento, mas em 1988 não tinha as 60 mil libras necessárias para renovar a patente em 120 países e "a tecnologia se tornar pública propriamente".
Embora Kramer não tenha mais queixas contra a Apple, ele ajudou a companhia em sua defesa contra a Burst.com. "Para ser honesto, estava feliz de perceber que algo que fiz foi um grande sucesso e mudou a indústria da música, e isso foi reconhecido", afirmou. Kramer agora negocia com a Apple alguma espécie de compensação pelos direitos autorais de seus desenhos originais, mas por enquanto recebeu apenas pagamentos por serviços de consultoria. Ele teve de vender sua casa no ano passado e se mudar para um apartamento alugado com sua mulher e três filhos.”

(http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2008/09/08/ingles-inventou-o-ipod-admite-apple/)

Só para a gente entender: O cara inventa há 30 anos um aparelho que revoluciona o mundo, que salva milhares de pessoas como eu (literalmente...a música edifica, relaxa, faz bem para N fins para humanos e outras espécies).Daí, ele tem q patentear a marca, não guenta o tranco de pagar a bagatela de 60 mil libras e perde a patente.
Apple abocanha o projeto e carimba a maçã e fatura milhões.
Hoje o nosso amigo Kramer teve complicações financeiras, vendeu a casa, mora de aluguel num apto com sua mulher, seus filhos e seus respectivos Ipods.Eles chegam na escola e dizem: “ta vendo isso aí q vc tá ouvindo? Meu pai q inventou”.
Talvez por essa razão , foram transferidos de escola 40 vezes, por serem atacados à tomatadas, cuecão e bexiga de xixi.(essa parte foi por minha conta....mas imagina se não rolou....rs)

E termina aqui mais uma edição de “Pessoas que foram sacaneadas ao redor do mundo”.




Kraner e o rascunho de seu projeto (dica:ñ joguem rascunhos importantes fora. Eu já vou ver onde estão meus projetos de ciência da 6ª série,apenas por precaução)




quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Ê Dona Cida!

Estou passando uma fase punk no trampo. Cobrança ao centésimo expoente, sabe assim? Tendo insônia e quando consigo dormir , é de cansaço puro e acordo pensando em como resolver as coisas.Adianta tudo isso? Não, eu sei. Nenhum pouco, mas não estou conseguindo desligar da tomada.

E hj de manhã acordei a 200km/h e antes de sair p/ trabalho fiz umas ligações de casa mesmo, para tentar assentar um pouco a poeira antes de chegar lá. Estava na sala, ao telefone e minha mãe veio me trazer um café e voltou para a cozinha.

Quando desliguei , fui até ela para agradecer e ela estava encostada na pia, com o avental , tomando café e me olhou com um carinho que me penetrou a alma bicho, juro por Deus.

- Como vc é boa, filha. Como vc tem o coração bom, como me orgulho de vc. Deus tá vendo tudo isso, viu?! Eu tenho muita fé na justiça divina e Deus sabe tudo o que se passa no seu coração...Por mais que qualquer pessoa aí fora fale qq coisa, Deus sabe como vc é boa.

Velho, me emocionei na hora. Imagina você lá, pilhada, achando que todo tiro que dá sai pela culatra, sem ver saída p/ uma série de coisas e vêm uma senhorinha, com uma bondade e um senso de justiça irreparável te abençoando, falando tudo isso.

Minha mãe é aquela coisa toda descrita pelo Ben Jor "ela meu estado de espírito/ ela é a minha proteção". Sem dúvida nenhuma é a melhor pessoa, do melhor caráter do mundo.Engraçado como ela é toda feita de dons. Eu não preciso ficar falando e detalhando coisas chatas, ela sabe. Ela entende.

Ela passa por cima de princípios dela, de coisas que ela julga serem certas e eu não mais....Deixei de frequentar a igreja dela há muitos anos atrás, por N motivos, bom, saí. No inicío isso a afetou assustadoramente e com o tempo, ela quase se acostumou. Hoje ela deixa para trás uma série de coisas q ela julga serem vitais e abraça minhas causas, me acolhe com todo amor possível e enxerga além de qualquer pessoa.É o único ser humano que vê meu caminhão de defeitos e diz na maior sinceridade que "Deus vê tudo, ele sabe quem vc é!".
É essa credulidade ímpar que ela tem que me encoraja a matar 80 leões e meio por dia, que me permite dividir esse amor que ela (e toda minha família) me dá aos que estão à minha volta.

Outro dia, tava um frio do caramba e ela me ligou no serviço. Falei que estava correndo, que não tinha hora p'ra chegar e soltei :"Nossa,mãe...sabe o q eu queria agora? Um capuccino...Sabe aqueles cremosos???hummm...."

No outro dia de manhã, ela fez como criança e apontou : "olha o que eu comprei p/ vc, filha". Lá estava o capuccino em cima da mesa. Então são essas coisinhas, são todos os detalhes que formam uma coisa enorme que fazem eu amar numa quantidade absurda essa mulher.

*Te amo incondicionalmente, mãe.Obrigada*

Eu vejo flores em você. (parte 1)

- Começou a apertar a chuva.Quer que eu te ajude até seu carro com as compras?

Lucila olhou para o lado para conferir o homem que seguira com os olhos pelo corredor do supermercado.Ajeitou o cabelo atrás da orelha e como que num ato de defesa dela mesmo, recolheu as sacolas com a mão esquerda à mostra,destacando a larga aliança de ouro.
- Não se incomode, são só alguns pingos.

O até então estranho , como se não tivesse ouvido a retalia, recolheu as sacolas que sobraram e começou a caminhar ao seu lado.

Surpreendentemente, Lucila respirou mais alto e tentou adivinhar se alguém ouvia a quantas seu coração estava a disparar-se. Chegaram ao carro e alinharam as compras no porta-mala,pôde notar que um anel também ocupava a mão esquerda do homem alto, de cabelos escuros, sorriso largo e que já alcançava seus 35 anos.

- Muito prazer, Mauro, mas me chamam de Maurico.Você mora no prédio atrás do meu.

Vendo a interrogação que acabava de pairar no rosto dela, se adiantou.

- Não se assuste, não sou nenhum serial killer...É que meu enteado, quando fica em casa, vai ao seu prédio brincar com seu filho e algumas vezes que o busquei a vi na portaria.Não deve ter me visto porque estava dentro do carro - e apontou o dedo em direção ao veículo estacionado depois de três vagas - mas é insulfilmado.
- Ah, sim, deve estar falando do Diogo.É verdade, ele vai brincar às vezes com o João.Muito educado, por sinal, parabéns! Obrigada pela ajuda, mas preciso ir porque se a chuva aperta, perto do viaduto enche de água.
- É verdade...- procurando pelo nome não dito.
- Lucila.
- É verdade, Lucila. Nos vemos quando as crianças se encontrarem.

Trocados sorrisos e apertos de mãos,cada um seguiu seu caminho.

Algumas semanas mais tarde, a poucos metros de seu prédio, avistou Mauro encostado no carro dele.
- Perdido?
- É, na verdade vim te trazer meu cartão, caso queira mandar seu filho para minha casa qualquer dia desses é só ligar que venho buscá-lo. Meu enteado está para chegar e talvez eles se divirtam juntos.
- Ótimo, muito obrigada. Não precisa se incomodar, mas de qualquer forma, obrigada pela gentileza.
- Está a pé?
- É, estou dividindo o carro com meu marido e como o trabalho dele é fora de mão, precisa mais que eu.
- Quer uma carona?Aonde está indo?
- Não, de maneira alguma, é perto. Vou ao banco que fica a 5 ou 6 quadras daqui.
- É meu caminho - deu a volta no carro e abriu a porta - Vamos, o que há de mal em economizar 15 minutos do seu tempo?

Ela recusou de novo, mas ele fez uma expressão de "faça isso por mim ou vai me matar" que evitou qualquer discurso.

Entrou.

Durante o pequeno trajeto, tudo que Lucila tentava ser era natural.Mas se pegava analisando como ele conduzia o carro, como falava sempre acompanhado de um sorriso, como mexia no quebra-vento, como suas pernas eram grossas e convidativas ao toque. Trocaram algumas banalidades do cotidiano e quando parou o carro perto do banco, foi ele que se manifestou. Tirou o cinto de segurança e sem se virar para ela, tocando despretensiosamente o volante , disse:

- Você faz idéia das vezes que pensei em te abordar? Aquela vez no mercado foi a milésima tentativa de falar com você e a única que me encorajei.Antes de disso, te via pelo mercado, te via agradar seu filho quando passava na minha rua e como um adolescente ia buscar o Diogo na esperança de te ver e trocarmos algumas palavras. E desde nossa última rápida conversa, não penso em outra coisa senão vê-la de novo.

Lucila estava emudecida e uma série de pensamentos tomou conta dela. O fato de ser casada há 10 anos, de ter uma família, de nunca ter traído e nunca ter se encontrado em semelhante situação, a paralisava.Em contrapartida, pensava em como todo seu casamento havia caído na rotina, de como passou de mulher independente a dona de casa num estalar de dedos e que muitas vezes sentia-se como um objeto que decorava o ambiente em sua própria casa. Já vivia pelo sonho do outro e seus sonhos já estavam engavetados.

- Sei que é casada, Lucila. Assim como eu também sou e não sou do tipo de canalha que te falará do quanto as coisas andam ruins no casamento e que estamos juntos, mas que estamos infelizes.Meu casamento não é ruim e por isso adiei tanto em te procurar, porque simplesmente não entendia porque tenho uma mulher, mas acabei me enamorando por outra. Não me peça para te explicar, mas sua presença tira meus pés do chão. Talvez ache que sou um cafajeste e queira apenas uma aventura...Pense o que quiser e tem todo direito...Ah! Meu Deus, o que estou fazendo? Você deve estar me achando um louco. Não sei, não sei, você tem alguma coisa diferente.Contorno meu pensamento, mas vira e mexe me pego pensando em como seria estar com você.

- Obrigada pela carona e lembranças ao Diogo.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Eu vejo flores em você.(parte 2)

Ao passo que foi se afastando do carro,sentiu lisonjeio , frio na espinha, tremor nas pernas, uma ponta de satisfação temperada com um quase arrependimento por ter aceitado a carona. Na fila do banco, nem conseguia ordenar seus pensamentos, tudo o que ela havia sentido quando o viu no mercado fora recíproco. Tentou evitar uma série de pensamentos, mas antes que pudesse fazê-lo já estava imaginando como seria beijá-lo, acariciá-lo, entregar-se a ele.

Convenceu-se por algum tempo de que era absurdo e até descortês da parte dele tê-la abordado assim. Afinal, quem ele pensava que ela era? Uma qualquer que se deixa levar por meia dúzia de palavras em flerte? A visão ofensiva serviu para abrandar e disfarçar seus pensamentos lascivos.

Vida normal seguiu-se nos dias que se sucederam ou quase normais.Porque agora, Lucila revistava a rua com os olhos para ver se Maurico não estava de espreita em algum lugar. Paquerando à paisana.E nada. E mais dias e nada. E nada.Sumiu.
E para se enganar , pensou : “ Melhor assim”.

Quarenta dias haviam se passado quando João, seu filho, chegou da quadra poliesportiva com Diogo.Bastou que ela colocasse os olhos na criança para saber que hoje o veria novamente. Maurico.
Lucila se aprumou como que se fosse a um encontro.
Escovou os cabelos bem hidratados que desciam três palmos abaixo dos ombros para trás, colocou uma fivela com um pequeno e delicado detalhe, recolhendo os fios da franja.Usava uma blusa de alça fina por baixo de um casacote azul cor de céu e uma saia que não chegava a ser godê, mas tinha um excelente caimento até a altura dos joelhos. Com um xadrez suave e tecido leve, sensualizava seu corpo. Calçada em sua sapatilha baixa, desceu às 17:00h para entregar o garoto ao padrasto.
Mauro estava encostado no carro, tragando um cigarro.Ao vê-la, livrou-se dele e passou a mão na camisa a fim de deixá-la uniforme.

- Ai está sua entrega, Mauro.
Diogo correu para o interior do carro.
- Obrigada e desculpa o trabalho.
- Nunca é trabalho algum, traga sempre que quiser.
Ficaram num silêncio constrangedor por alguns instantes.E de novo ele, dessa vez quase sussurrando:
- Não deixei de pensar em vc um só instante.
Ela o olhava firme:
- É melhor você ir.
- Amanhã. Amanhã às 14:00h no Centro de Estudos, ao lado da estação de metrô.
- Como você...
- Por favor, 14:00h. Por favor, Lucila.

Entrou no carro e partiu.

O dia amanheceu e Lucila cuidou de todos os afazeres como de hábito. Há anos que vivia desses costumes.Cuidar de casa,do seu filho João,do seu marido Henrique, administrar as contas, não engordar, cozinhar de formas variadas, estar sempre disposta ao sexo, lembrar a agenda pessoal de seu marido, verificar as gavetas,ver se precisa repor meias e camisas brancas, zelar pela educação escolar do João, preparar aniversários, Natais, almoços, ir à igreja aos domingos, visitar os pais, declarar os impostos quando necessário.

Com seus 32 anos já havia se perguntado algumas vezes se teria valido à pena largar a carreira na empresa para se dedicar a essa vida doméstica. Se teria também valido à pena, ter-se casado com 22 anos de idade, recém formada, sem ter desfrutado do que a vida nos reserva nessa fase (assim como em todas as outras, mas é nessa fase que se tem mais fichas a apostar).Trabalhou só até quando o pequeno João nasceu, depois,abdicou de tudo para cumprir seu papel de boa dona do lar. E agora que ele está com 5 anos, a impressão que tem é que sua vida se transformou numa massa sem gosto e sem cor.Desinteressante.

Eu vejo flores em você.(parte 3)

Pensava em tudo isso enquanto trocava os lençóis da cama de seu quarto, parou em frente ao espelho de corpo inteiro que fica pendurado na parede, encolheu um pouco a barriga, mexeu no cabelo, se aproximou mais ainda da imagem e conferiu se tinha surgido alguma ruga na madrugada.

Sentou-se na cama, com o lençol ainda em seu colo e pensou sobre o que Mauro propusera.Sentiu-se tentada e burlou todo tipo de culpa com pensamentos do tipo: “Não há de ser nada, vou só para ver o que ele quer dizer. Só vou matar minha curiosidade.Não vou trair ninguém, desde quando conversar com alguém é trair?Eu vou.”

Correu com as tarefas, deixou João na escola, voltou, tomou um banho demorado,passou um óleo perfumado no corpo, arrumou o cabelo e todo o resto.
13:45h saiu de casa.
Viu o carro de Mauro de longe e o coração não queria ficar só ali no lugar que era dele. Batia tão forte que parecia querer tomar parte de qualquer brecha que tivesse pelo corpo que pudesse ocupá-lo.A impressão é que ou ele sairia da boca em disparada ou que lhe causaria um infarto.
Entrou no carro.Se olharam e ficaram assim muitos minutos.O cheiro dele tomava conta de todo ambiente.
Ele tentou sorrir, mas não conseguia tirar seus olhos dos dela.
Ela o beijou.

Mauro correspondeu ao beijo e segurou-lhe o rosto. Fechou os olhos e mergulhou naquele beijo com toda a paixão e desejo que estavam contidos. A respiração de ambos começou a ficar mais ofegante quando ele agarrou-lhe os cabelos na altura da nuca e conduziu o beijo. Mordiscava-lhe a boca, beijava o queixo, beijava e cheirava,como que querendo roubar todo seu perfume, o pescoço.
Ela segurava nos braços dele com ímpeto e vontade de nunca mais largá-los, puxava-o para junto de si e beijava como se fosse a primeira vez em toda sua vida.
Ficaram assim por muito tempo.Quando deram uma trégua ao beijo, estavam segurando cada um o rosto do outro, bem próximo ao seu. E riam, riam baixinho, fechavam o olho e passavam o rosto um no outro e se cheiravam devagar.Como se estivessem se experimentando e se decorando.
Ela começou a contornar cada traço do rosto dele, ele fechou os olhos e pôs-se a sentir o toque das mãos que já havia imaginado sabe Deus quantas vezes.Ele abriu os olhos, recostou sua cabeça no banco e acariciou os cabelos dela, buscava mecha por mecha e sorria. Encostaram a mão uma na outra e as enlaçaram. Ela juntou a boca à mão dele e a beijou.Ele fez o mesmo com ela.

- Eu também pensei em você todos os dias, Mauro. Todos os dias. Pensei em nunca mais te encontrar, porque sabia que assim que o encontrasse de novo, seria minha perdição. Tentei me livrar de tudo que levasse meu pensamento até vc, mas descobri que para que isso acontecer, teria que me livrar da minha vida porque desde a primeira vez que te vi, tudo que há em mim se empreguinou de vc.

Ele sorriu de uma maneira maravilhosa, com os melhores dos sorrisos que há de existir e a beijou novamente. Quando se desvencilharam, ele brincou com a ponta do nariz dela , enquanto ainda estavam abraçados.

- Pois eu digo p/ vc que nunca mais, escuta bem: nunca mais a senhora deve pensar, supor, achar, que poderá livrar-se de qualquer pensamento que tenha eu como personagem principal. Ok, só os pensamentos ruinzinhos...de resto, Dona Lucila, transborde de pensar em mim pq é tudo que tenho feito.
- Mas acho que precisamos ir devagar.Você sabe das nossas condições e não dá para fingir que é tudo normal.
- Devagar? Ok. Nossa situação não nos permite vivermos já,nesse instante, tudo o que gostaríamos. Mas eu tenho um prazo.
Ela se ajeitou no banco do carro.
-Prazo? Não estou te pedindo nada, peloamordedeus...Mauro, não se precipite.
- Lucila,não estou brincando. O que estou sentindo agora é pouco perto do que eu previa o que seria estar com você.É uma avalanche de emoções, estou tomando por uma onda de euforia, de paixão.
- Paixão?
- Claro. Quanto tempo se demora p/ saber que está apaixonado? Qual a página do manual que indica isso? Aliás, me fala onde está o manual sobre “Tempo exato em que se apaixona – casos reais”. Amor – dessa vez encarou-a com toda docilidade – estou apaixonado por você desde a primeira vez que a vi e hoje só serviu para aumentar e me certificar disso. Não preciso desse tipo de subterfúgio para levá-la para cama, ninguém mais aqui tem 15 anos,hã? Por isso, tenho um prazo. O que estou sentindo por vc, nunca , nem de perto senti em toda a minha vida. Gosto da minha esposa, mas é de um jeito tão diferente, quase fraternal. Não posso ficar longe de uma pessoa que me deixa no estado em que você me deixa. Cheio de vida, de vontade de querer mais, de ir embora nesse instante para qualquer lugar, desde que seja com você.
- Tenho medo.
Mauro segurou com muita força, mas ainda com carinho,as mãos de Lucila.
- Não fique. Ei, olha aqui. Não fique.Lucila, seremos você e eu.Eu já tomei minha decisão, meu prazo é curto, é o tempo de vender uma casa que tenho no outro município e deixar algum dinheiro para minha esposa.Sou arquiteto autônomo, mas essa é uma profissão de vacas magras e gordas, altos e baixos.Hj estou com uma boa situação, amanhã pode ser que não esteja e talvez não possa ajudá-la.Por isso, prefiro reservar algum dinheiro para ela para que nunca lhe falte, é uma ótima pessoa. Mas você Lucila – falou enquanto acariciava seu rosto – você é um acontecimento. Nem me passa pela cabeça tudo isso ser absurdo, sabe? Porque o amor nunca é absurdo.
- Você falando de amor assim, parece algo surreal.
Ele soltou uma gargalhada descontraída.
- Eu sei, eu sei. Parece exagero meu e acho que corro o risco de te assustar. Vou tentar não te roubar em uma semana,pronto, vamos devagar.
Ela arregalou os olhos e ele depois de soltar outra gargalhada, a abraçou.
- Vamos ajeitar as coisas como devem ser.Vamos combinar tudo e fazer as coisas no tempo certo, espero não ser num futuro distante.
- Agora preciso ir embora.
- Claro, bonequinha. Ah, e você está linda, mais que o habitual.Linda. Perfeitamente linda!Amanhã me encontre na saída 3 do mercado “Caixa Bom”, assim que deixar o João na escola, combinado?
- Combinado.
Deram um beijo daqueles beijos de despedida que sempre são os melhores, cheios de vontade, saudade e anseios.Ele a beijou por último a testa.
- Volta logo. Só estou te emprestando, hein Lu?Vai.Desce, antes que mude de idéia – Abriu o sorriso faceiro e brincou - E não se esquece:Se não for amanhã, vai no meu velório no dia segte pq vou morrer!
- Louco! É isso que você é! Até amanhã!

Lucila saiu e depois de menos de dez metros olhou para trás.Ele estava do lado de fora do carro observando ela se afastar e acenou em despedida.Trocaram sorrisos.
Ela estava completamente eufórica e feliz.Caminhava rindo, lembrando de cada detalhe, de cada palavra, de cada toque ou cheiro. Sem dúvida também estava apaixonada.
Só saiu desse transe quando pegou o filho na escola e voltou para casa para receber o marido.Não se arrependeu do que lhe tomara a tarde e ficou a partir desse dia, escolhendo motivos para justificar sua traição.
Não conseguiu dormir à noite, tamanha expectativa de encontrá-lo de novo.Não deixou o marido tocá-la, achou que se permitisse não estaria pronta para Mauro no dia seguinte. Como se o enganador pudesse ser o enganado.

Eu vejo flores em você.(parte 4)

Pontualmente lá estava ela.Ele passou, abriu a porta e ela entrou.Parou o carro um pouco mais para frente, tiraram os cinto e deram o beijo de boas vindas.

- Nem consegui dormir.
- E eu? Falei que estava com um novo projeto e fiquei no escritório de casa a noite toda.
- Você não dormiu com ela então?
- Não e não ia te perguntar isso,mas já que...
- Não, Mauro. Não consegui.Fiquei com medo de falar seu nome, de outra pessoa me tocar sem que fosse você, ainda que esta outra pessoa seja meu marido. Mas curiosamente não me sinto DELE. Entende o que eu digo?
- Entendo e sinto o mesmo.Estou fascinado por você a ponto de me sentir só seu e quero que também seja só minha.Vamos sair daqui.


Ele rodou com o carro durante 40 minutos e entraram em outro município, próximo ao centro pelo tempo que levaram.


Ele estacionou em frente a uma casa térrea pintada de amarelo claro e janelas e portas brancas. Na frente tinha um jardim sem plantas e uma entrada lateral com um pequeno portão. O outro portão era o da frente, esse era baixo e tinha pendurado nele, uma caixa de correio.


- É aqui, Lu. Venha.
Depois que ele destrancou a porta,ela entrou e ficou parada observando os móveis e como tudo era organizado e aconchegante.
- E então, gostou? É aqui que me refugio, que venho para ler, para folgar do barulho,não que aqui não tenha, mas é menos que onde moramos.
- Adorei. Pena que venderá.
- Será necessário, mas há menores no estilo dessa por aqui, podemos comprar depois.
- Você é adorável, fala tudo com tanta certeza, tanta segurança.
- Estou seguro porque planejo um futuro com você e não tem como dar errado.Quero muito você ao meu lado.
- Eu também quero ficar ao seu lado.

Eles então se beijaram longe de todo o mundo que haviam deixado à distância de 40 minutos e aquele momento foi só deles.Entregaram-se por completo um ao outro e fizeram amor com todo desejo.À medida que ela se desnudou e ele a penetrou, ambos sabiam que estavam selando um pacto de amor. Porque estavam ali de corpo e alma, no auge da paixão. E durante o sexo fizeram juras de amor ,beijaram-se incontáveis vezes , acariciaram-se ,se descobriram um no outro e encontraram o prazer como nunca antes haviam encontrado.
Deitaram-se na cama, cobertos por um lençol. Lucila estava de bruços com os cabelos lindamente desalinhados sobre o travesseiro, e ele brincava com a mão em suas costas.
- Não quero mais ficar longe de você, nunca mais Maurinho.
- Nem eu, meu amor. Nunca mais. Eu amo você.
- Eu também te amo.
- Vou conversar com a minha esposa amanhã. Pedirei o divórcio e não quero te pressionar, mas acredito que será difícil para vc, para mim e seu marido vivermos uma situação assim.
- Você deve lembrar que tenho o João e não é simples assim.O Henrique está passando uma fase difícil na empresa e precisa de mim.
- Ele sempre precisou de você, Luli.Agora quem precisa de você é você mesmo. Você é quem precisa ser feliz,você é quem tem que dar-se uma chance de amar e viver um amor verdadeiro. Quantas e quantas pessoas passam pela vida sem nossa sorte? Já parou p/ pensar, Luli? Quantas pessoas procuram isso aqui que temos? Amor,Lu. Temos a maior preciosidade nas mãos e você ainda pensa em esperar resolver os problemas dele?
- Eu sei, querido e sei que está certo.Mas dê-me um tempo, hum? Só um tempo pequeno.
- Claro,claro.Darei, mas pouco, por favor.Não vou me contentar em vê-la amiúde. Quero acordar em volta de vc todos os dias e quero sentir seu gosto todo tempo.Quero saber que é minha e desfilar com vc e encher o peito e apresentá-la a todo mundo.Nossa, quero cada minutinho, cada troca de estação, cada ano que envelhecer, cada Ano Novo, cada Natal, quero você comigo.
- Eu também quero muito. E adorei essa casa, Maurinho.
- Estou com umas propostas ótimas sobre ela já, logo tudo estará resolvido.
- Bom pq já faz a reserva de dinheiro que precisa, mas aquele jardinzinho...Hummm.
- O que foi?
- O que foi? Um jardim, amor. Um jardim é tudo uma casa. Colocaria flores miudinhas, coloridas, uma série delas e grama verde e alguns enfeites espalhados, bem delicados, sabe como é?
- Sei amor. Compraremos uma casa com jardim para nós assim que possível.
- Você não quis ter filhos com ela?
- Sempre quis ser pai, sempre. Mas sempre esperei o momento certo e combinamos que ela tomaria o remédio dela até que as coisas ficassem ordenadas e tivéssemos um bebê.
- E agora?
A verdade nos olhos de Mauro a atingiu em cheio.
- Agora, assim que eu e você morarmos juntos, quero um filho seu. Quero um filho da mulher que eu amo, da mulher que me deixa em êxtase, de alguém que rouba meus suspiros e me faz acordar todos os dias bem.Quero que seja a mãe do meu primeiro filho. Vc aceita?
- Claro.Claro.Ah, Maurinho....é tudo tão perfeito, porque não aconteceu antes?
- Porque esse é o momento. Porque há 11 anos atrás, quando éramos solteiros e desimpedidos, não estávamos prontos para lidar com um sentimento tão forte.Ficaríamos assustados. Isso acontece direto e reto e as pessoas não percebem. Pode notar, Luli. As pessoas comentam : “tive um gde amor na juventude” ou “ casei com fulano, mas meu verdadeiro amor foi cicrano”. O amor aparece cedo na vida da maioria das pessoas, mas acabam sem fecundar porque é divino, é forte e muitas vezes agressivo. Muita gente não sabe agir quando ele chega e o abandona. Por isso ele chegou agora p/ mim e p/ vc e é nosso e vai ser sempre assim.
- Eu te amo.
Ele recebeu a declaração como um convite , beijou-a inteira , decorou com cuidado cada parte de seu corpo e fizeram amor novamente.

Eu vejo flores em você.(parte 5)

Os dias se seguiram e tanto Lucila como Mauro estavam em soberbo estado de glória.Nas mais das profundas certezas de terem encontrado a receita de felicidade. Durante a atmosfera plena de amor, trocavam telefonemas rápidos ,quando não se viam mensagens no celular às escondidas, e-mails longos escritos durante a madrugada.

Foi durante a manhã de uma terça –feira que Lucila recebeu uma mensagem via sms no seu celular: "Me encontre hoje no lugar de sempre às 15h.Bjos, M”

O lugar de sempre era um posto de gasolina que ficava em um bairro afastado, perto também de um Hotel que já os tinha como clientes assíduos.

Ela já estava lá quando ele chegou.

- Ô meu amor, que foi? Aconteceu alguma coisa? Não era amanhã que nos veríamos?
- Não agüentei de saudade.
- Ah, Maurinho...fala sério, o que aconteceu para me passar um msg logo cedo e marcando esse encontro?
- Entra no carro. Vamos dar uma volta.

Lucila percebeu que Mauro pegou o caminho para sua casa fora da cidade. Passados quatro meses desde a primeira vez que foram lá, nunca mais voltaram pq estando à venda, sofrera algumas reformas e se encontrava interditada.
Logo na entrada, Lucila mal pode conter a emoção que lhe tomava conta. Saiu do carro correndo como uma criança que corre para abrir o presente de Natal. Abriu o portão destravado apressadamente e contemplou o jardim que se fazia aplaudir à frente.
Mauro de certo contratou uma empresa especializada e num espaço de 5x4mt recheou a grama com flores miúdas de diversas espécies. Ornamentaram com enfeites decorativos e espalharam entre toda a vegetação.


Admirada e explorando cada detalhe, as lágrimas vertiam de alegria.

- E então, vc gostou? Agora está explicado porque nunca mais viemos aqui.
- Mas e quanto à venda?
- Posso dar outro jeito – tirou uma chave do bolso e lhe entregou – O importante é que agora saiba que esse é nosso lugar. Meu, seu e do João.

Ela o abraçou e chorava emocionada.

- Não estou acreditando. Fui abençoada mesmo pelos céus. Olha pra vc, pra gente, para esse lugar. Não consigo acreditar que estou nesse sonho.

- É Nosso sonho,nosso sonho, Luli!Agora vamos entrar.Preciso te mostrar algumas coisas.

Ele também mexeu com a decoração interna e reformou o pequeno quarto ao lado da sala para que passasse a ser do João.Estava tudo além daquilo que ela poderia ter imaginado algum dia.
- Tem algumas coisas na geladeira, Lu. O que acha de preparar alguma coisa enquanto tomo um banho?
- Trouxe roupa limpa, querido?

Ele a conduziu até o quarto e abriu o guarda-roupa. Todas as suas roupas estavam lá, assim como os livros e CD’S na prateleira de cima.
- Quando foi isso?
- Saí de casa há dois dias. O rompimento como qualquer outro foi dolorido, mas tentei ser o mais honesto possível. Acho que o amor requer honestidade,como, com você e com os outros. Ela sempre foi uma boa companheira, mas agora acabou e não poderia mais ficar lá alimentando qualquer coisa que nem sequer existia mais.
- Não posso fazer isso agora.
Ele suspirou.
- Não posso exigir nada de você, mas tenho o direito de querer você para mim por completo. O amor não se divide, Lu. Sei que me ama como fala e por isso quero viver tudo isso como um amor deve ser vivido.
- Eu sei – prosseguiu falando acariciando o rosto dele- Eu sei disso. Mas o Henrique tem reagido.Não me perguntou sobre nada, sobre minha frieza e distanciamento, entretanto tem me levado para jantar, dado presentes fora de data.Olha só, há algumas semanas falei para ele que precisávamos conversar seriamente, que nosso relacionamento estava se rompendo. Ele nem se esforçou em me escutar, pegou o carro e saiu, voltou muito tarde e não conversamos. No dia seguinte, chegou com a notícia que tinha fechado um pacote num resort no final de semana para mim, ele e o João. Entende? E durante a viagem, nem deixou que eu falasse muita coisa.Ficou se desculpando. Desculpou-se por trabalhar tanto e querer me proteger, imagina isso? Ouvir alguém se desculpando enquanto vc o trai covardemente. Quase senti náuseas. Ele lamentou , Mauro. Ele lamentou por ser bom, por ser um bom pai, por querer nos dar o melhor.

- Melhor? E sobre o amor? E sobre te fazer andar nas nuvens, hã? Ele não tem culpa de nada, mas não o massacre com piedade dando-lhe uma carcaça de um automóvel sem o motor. Lu, as pessoas não tem culpa de se apaixonarem por outras no meio da estrada.Ninguém vive de piedade e compaixão. Elas podem viver de respeito, precisa respeitá-lo e afastar-se dele o quanto antes, quanto antes adiar, pior será.
- A vida é injusta.
- Ninguém disse que seria fácil.
- Não é justo viver uma história assim, encontrar alguém assim como você e simplesmente virar as costas p/ alguém.
- Vc estava incompleta, Luli. Antes se limitava a uma vidinha sem batimentos, sem frenesi. Olha como a vida te sorri agora, que culpa nós temos? Sou contra trair um outro ser humano deliberadamente, sem que haja sentimento, apenas por satisfação pessoal , por ligação sexual. Disso discordo totalmente, mas conosco não é assim e você sabe bem disso. Olhe em volta, olha aqui nosso mundo, põe a mão no meu peito, veja como fico perto de você.

- Tudo bem, falarei com ele. Não passará dessa semana.
- Você é forte e tem a mim, tudo dará certo. Nunca a deixarei sozinha, nunca.
- Prometa!
- Eu juro, Lucila Eu juro.

Eu vejo flores em você.(parte 6)

Alguns dias mais tarde, Lucila tentou convencer o marido, em uma longa conversa de que o amor acabara. Que não queria desapontá-lo ficando com ele parcialmente, que preferia ser justa e ir partir.Abriu mão de qualquer direito financeiro e garantiu que não lhe aborreceria.
Inflamado de dor e cólera, jurou que se ela partisse, ele mesmo daria cabo da própria vida,que não permitiria que levasse o pequeno João, pois era a única coisa boa, fora ela, que lhe daria sentido à vida.

A discussão tomou toda a madrugada e ela decidiu ficar por mais um tempo.

Ao se encontrar novamente com Mauro, relatou o que acontecera.
- Fuja.
- Não sou mais adolescente, por favor, Mauro.
- Estou falando sério. Fuja, venha para cá com o João. Fique aqui até ele se acostumar com a idéia, só para ele ver que não será o fim da vida de ninguém.
- Vc só pode estar brincando.
- Nunca falei tão sério em toda minha vida. Ele não consegue imaginar-se sem você, prove a ele que não é o fim do mundo. Fique fora por uma semana, quando estiver longe, avise-o para que não se preocupe e depois regularize a situação. Você está sendo franca e honesta e está adiantando de que? Não podemos mais adiar. Vamos fazer isso, Luli.
- Vc acha mesmo que será preciso esse extremo?
- Sexta-feira. Arrume algumas coisas suas e do João e venha para cá depois que pegá-lo no colégio. Fiquem aqui, eu chegarei no começo da noite porque tenho alguns clientes no Centro. Tudo dará certo.Ei, olha aqui: tudo ficará bem, apenas confie em mim.

Sexta-feira, Lucila levantou-se logo cedo e estudou todo o apartamento.Reviveu mentalmente alguns Natais, quando o adquiraram, quando chegou da maternidade com o bebê. Porém, tudo ficou no passado e Mauro estava certo, ela não tinha culpa. Apaixonara-se. Que culpa pode carregar quem ama incondicionalmente?
Pegou pouca roupa dela e da criança.Ajeitou em uma bolsa que não chamava muito a atenção e cuidou para que tudo ficasse em ordem.Sentou-se e tentou escrever um bilhete, as idéias vinham e iam. O que escrever a quem se abandona?Qual seria a punição que lhe seria dada por pisar assim em alguém?

“Henrique,

Tudo que espero é que um dia possa me perdoar e sobretudo me entender.
Não sei sobre o tamanho do meu pecado, mas pecado maior seria nos enterrarmos numa mentira.
Mandarei notícias.
Fique bem.

Lucila”



Lucila pegou a bolsa, olhou em volta, trancou a porta e chorou.
Depois te ter pego o filho na escola, explicou-lhe de maneira sutil que algumas coisas mudariam, que ficariam um pouco longe de casa e que ele adoraria ir para uma casa nova, com brinquedos novos, jardim e que o novo amigo da mamãe adorava pizza, pudim de chocolate e que tinha um vídeo-game maravilhoso.
Crianças criam mundos alheios aos nossos e João em silêncio,deve ter criado uma mistura de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” com algo parecido com um “Playland”.Concordou.

Chegaram na casa às 17:40h. Trouxe algumas coisas do mercado e começou a esvaziar as sacolas, enquanto João conhecia o espaço, distraiu-se com algo.
Lucila pôs o vinho na geladeira, cozinhou frango com aspargos e arroz branco. Fez uma salada verde e ajeitou a mesa do jantar.Às 20:00h, alimentou o filho e ficou esperando pela chegada de Mauro.
Tentou ocupar o tempo, arrumando os armários e as gavetas. Foi até o jardim e retirou alguns plantas mortas e conversou com as mais miudinhas.
Eram 22:25h quando colocou João na cama e após uma série de ligações, tentou novamente ligar para amado. Caixa Postal.
Ficou na sala e acabou cochilando, deu-se conta da hora quando despertou: 04:10h da madrugada. Preocupou-se mais.
Tudo passava em sua cabeça, todo tipo de pensamento ruim,mas rezava para que nada de ruim tivesse acontecido.
Amanheceu e Mauro não chegou. Concluiu que alguma coisa tinha acontecido ou que talvez ele tivesse desistido. Se arrependeu por ter ido,julgou ter sido uma idéia insana.
09:00h arrumou o filho e resolveu voltar, não fazia sentido ficar lá apavorada.


Chegou em casa e o marido a recebeu calorosamente, mas não falou sobre nada. Nem do bilhete, nem do sumiço.Chamou o filho para brincar e quando estava saindo agradeceu:“Obrigado por ter voltado”.
[...continua...]