sábado, 3 de outubro de 2009

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Ela pediu outra chance ao céu, àquilo q não se enxerga...ao Universo, ao Cosmo, a alguém q pudesse ouvir e responder: "dá p/ começar de novo?". A resposta veio: "não".Ela sentou-se no chão do quarto olhando p/ seus livros e pensou em arrumá-los...viu q tinham 2 ou 3 ou 4 que não tinha acabado de ler ou q sequer havia começado, se leitura era seu maior hobby e agora nem isso lhe apetecia mais,o que mais seria bom sem ser ilegal?Via uma coleção de jeans que não lhe serviam mais...muitos deles presentes de datas comemoradas com brindes, respirações ofegantes, sorrisos soltos e todos esses momentos estavam encaixotados junto com os cartões de promessas vãs. Ali, encaixotado, também estava aquela pessoa que carregava espontaniedade, que vibrava com céu azul, que ouvia som alto em casa, que passava horas ao telefone aconselhando alguém sobre como a vida era urgente e como era bom estar dentro dela.Não tinha recomeço, todos os erros foram um grande estrago e só o que ficou foi um grande vazio sem éco.Td cheirava à alcool, cinzas, cigarro e ópio.Seu rosto no espelho estava marcado pelo cansaço, abatimento pela falta de sono, pelas noites juntando moedas p/ tomar o último copo...E agora, a vida soltava piadinhas, como se não bastasse obrigá-la a sair da cama. Jogou a isca de uma provável paixão, como se faz com um cachorro imundo q fica ao lado do mendigo...oferece-lhe um pedaço de pão e qdo ele chega tímido para pegá-lo, lhe é tirado. Alguém disse que esse alguém agora valeria à pena, que iria lhe estender a mão...q finalmente ouviria um éco no abismo e esse outro alguém responde:"bem, não estou pronto". Pq não deixá-la no seu percurso natural com sua vidinha medíocre ? Ei,vida: Não fode. Ela nem conseguia chorar mais, era tudo tão ridículo que estava se acostumando a conviver com o que lhe tinha sobrado..só estava difícil fingir. Fingir estar bem, fingir que era ainda a menina do passado. Sua aparência não lhe permitia usar disfarces, seu tom de voz, sua irritação, seu distanciamento. Precisava ocupar a mente e nunca pensar no depois, pq o depois seria pior q o agora.
Ela não conseguiu colocar os livros em ordem...pensou em atear fogo. Nos livros, nas calças, nas cartas, no passado e no futuro. Que idéia genial seria queimar a infelicidade que ainda está por vir? Se viesse alguma coisa boa, seria tão pouca q nem faria muito diferença...ela sofreria menos, se pouparia de ter q ficar escolhendo palavras, roupas, selecionando e se convencendo de motivos p/ ter q abrir a porta de casa.
Não tinha fósforo por perto....decidiu ir até o rádio e colocar uma música:

"...ninguém sabe o que aconteceu /uh uh/ ela se jogou da janela do quinto andar/nada é fácil de entender/dorme agora/ é só o vento lá fora..."

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