terça-feira, 25 de agosto de 2009

Eu vejo flores em você.(parte 5)

Os dias se seguiram e tanto Lucila como Mauro estavam em soberbo estado de glória.Nas mais das profundas certezas de terem encontrado a receita de felicidade. Durante a atmosfera plena de amor, trocavam telefonemas rápidos ,quando não se viam mensagens no celular às escondidas, e-mails longos escritos durante a madrugada.

Foi durante a manhã de uma terça –feira que Lucila recebeu uma mensagem via sms no seu celular: "Me encontre hoje no lugar de sempre às 15h.Bjos, M”

O lugar de sempre era um posto de gasolina que ficava em um bairro afastado, perto também de um Hotel que já os tinha como clientes assíduos.

Ela já estava lá quando ele chegou.

- Ô meu amor, que foi? Aconteceu alguma coisa? Não era amanhã que nos veríamos?
- Não agüentei de saudade.
- Ah, Maurinho...fala sério, o que aconteceu para me passar um msg logo cedo e marcando esse encontro?
- Entra no carro. Vamos dar uma volta.

Lucila percebeu que Mauro pegou o caminho para sua casa fora da cidade. Passados quatro meses desde a primeira vez que foram lá, nunca mais voltaram pq estando à venda, sofrera algumas reformas e se encontrava interditada.
Logo na entrada, Lucila mal pode conter a emoção que lhe tomava conta. Saiu do carro correndo como uma criança que corre para abrir o presente de Natal. Abriu o portão destravado apressadamente e contemplou o jardim que se fazia aplaudir à frente.
Mauro de certo contratou uma empresa especializada e num espaço de 5x4mt recheou a grama com flores miúdas de diversas espécies. Ornamentaram com enfeites decorativos e espalharam entre toda a vegetação.


Admirada e explorando cada detalhe, as lágrimas vertiam de alegria.

- E então, vc gostou? Agora está explicado porque nunca mais viemos aqui.
- Mas e quanto à venda?
- Posso dar outro jeito – tirou uma chave do bolso e lhe entregou – O importante é que agora saiba que esse é nosso lugar. Meu, seu e do João.

Ela o abraçou e chorava emocionada.

- Não estou acreditando. Fui abençoada mesmo pelos céus. Olha pra vc, pra gente, para esse lugar. Não consigo acreditar que estou nesse sonho.

- É Nosso sonho,nosso sonho, Luli!Agora vamos entrar.Preciso te mostrar algumas coisas.

Ele também mexeu com a decoração interna e reformou o pequeno quarto ao lado da sala para que passasse a ser do João.Estava tudo além daquilo que ela poderia ter imaginado algum dia.
- Tem algumas coisas na geladeira, Lu. O que acha de preparar alguma coisa enquanto tomo um banho?
- Trouxe roupa limpa, querido?

Ele a conduziu até o quarto e abriu o guarda-roupa. Todas as suas roupas estavam lá, assim como os livros e CD’S na prateleira de cima.
- Quando foi isso?
- Saí de casa há dois dias. O rompimento como qualquer outro foi dolorido, mas tentei ser o mais honesto possível. Acho que o amor requer honestidade,como, com você e com os outros. Ela sempre foi uma boa companheira, mas agora acabou e não poderia mais ficar lá alimentando qualquer coisa que nem sequer existia mais.
- Não posso fazer isso agora.
Ele suspirou.
- Não posso exigir nada de você, mas tenho o direito de querer você para mim por completo. O amor não se divide, Lu. Sei que me ama como fala e por isso quero viver tudo isso como um amor deve ser vivido.
- Eu sei – prosseguiu falando acariciando o rosto dele- Eu sei disso. Mas o Henrique tem reagido.Não me perguntou sobre nada, sobre minha frieza e distanciamento, entretanto tem me levado para jantar, dado presentes fora de data.Olha só, há algumas semanas falei para ele que precisávamos conversar seriamente, que nosso relacionamento estava se rompendo. Ele nem se esforçou em me escutar, pegou o carro e saiu, voltou muito tarde e não conversamos. No dia seguinte, chegou com a notícia que tinha fechado um pacote num resort no final de semana para mim, ele e o João. Entende? E durante a viagem, nem deixou que eu falasse muita coisa.Ficou se desculpando. Desculpou-se por trabalhar tanto e querer me proteger, imagina isso? Ouvir alguém se desculpando enquanto vc o trai covardemente. Quase senti náuseas. Ele lamentou , Mauro. Ele lamentou por ser bom, por ser um bom pai, por querer nos dar o melhor.

- Melhor? E sobre o amor? E sobre te fazer andar nas nuvens, hã? Ele não tem culpa de nada, mas não o massacre com piedade dando-lhe uma carcaça de um automóvel sem o motor. Lu, as pessoas não tem culpa de se apaixonarem por outras no meio da estrada.Ninguém vive de piedade e compaixão. Elas podem viver de respeito, precisa respeitá-lo e afastar-se dele o quanto antes, quanto antes adiar, pior será.
- A vida é injusta.
- Ninguém disse que seria fácil.
- Não é justo viver uma história assim, encontrar alguém assim como você e simplesmente virar as costas p/ alguém.
- Vc estava incompleta, Luli. Antes se limitava a uma vidinha sem batimentos, sem frenesi. Olha como a vida te sorri agora, que culpa nós temos? Sou contra trair um outro ser humano deliberadamente, sem que haja sentimento, apenas por satisfação pessoal , por ligação sexual. Disso discordo totalmente, mas conosco não é assim e você sabe bem disso. Olhe em volta, olha aqui nosso mundo, põe a mão no meu peito, veja como fico perto de você.

- Tudo bem, falarei com ele. Não passará dessa semana.
- Você é forte e tem a mim, tudo dará certo. Nunca a deixarei sozinha, nunca.
- Prometa!
- Eu juro, Lucila Eu juro.

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