segunda-feira, 24 de agosto de 2009

SEVEN

24 de agosto.

Hoje acordei e não tinha nenhum torpedo no meu celular, nenhuma ligação não atendida.
Ninguém me procurou para me entregar flores sob encomenda, nem tocaram a campaínha para me presentearem com balões.
Não me arrumei toda para alguma comemoração à noite, nem fiquei durante um mês procurando um presente daqueles criativos.
Hoje é a data em que costumava comemorar meu aniversário de namoro.

No caminho para o trabalho, comecei a repassar todos os lugares em que já fomos comemorar , todos os presentes trocados , toda a expectativa por esperar pela data e todas as juras.
Me lembro que no primeiro ano, voltamos onde tínhamos nos conhecido e alguns amigos estavam conosco (até porque era aniversário de um deles).Depois da 00:00h, nos beijamos , falamos uma série de coisas daquelas que fazem os olhos marejarem e brindamos à felicidade. Todos os nossos amigos nos parabenizaram e virou uma festa linda.
Depois disso, passamos a comemorar religiosamente.
Tenho guardado comigo todos os cartões e até uns guardanapos de onde passamos com frases carinhosas. Ainda não consegui me livrar de tudo isso e nem sei se conseguirei fazê-lo porque durante 6 anos, foi a história mais linda que tive e que deu certo dentro do desse tempo que havia de dar.
Hoje comemoraríamos nosso sétimo aniversário e nem faz um ano que nos separamos.Por isso fiquei um pouco melancólica.

Costumo tentar explicação a dor da separação como um afastamento de si mesmo. É como velar uma boa parte de você. Ao se separar, você abre uma caixa, coloca uma parte sua, suas aspirações, a vontade de continuar no dia seguinte a caminhar pq se tem alguém q julga ser seu do lado. Dentro dela também vai aquela decoração que queria fazer no apartamento quando se mudasse para lá com o bem amado, vai as festas com os amigos que eram maravilhosas, as gargalhadas sem sentido de uma situação que só os dois compreendiam.
Você se afasta com uma saudade avassaladora das ligações durante o dia só para checar se tudo está indo bem. Passa a não dividir com ele seu vinho preferido, deixa de passar no mercado e comprar os petiscos que ele mais gosta.
Ouve a música que costumavam cantar juntos, mas agora apenas ouve e nem canta mais pq está sozinha.
Dentro dessa caixa, infelizmente, também se vai todo o vínculo com a família que já tomava por sua, da esperança que depois de um dia cheio, encontrá-lo, falar sem parar por horas e ser amparada. Nem sempre com o que deseja ouvir, mas de qualquer forma, ele está ali para repartir seu "grande" problema, que na verdade nem é tão grande assim, porque perto dele acaba esquecendo o que se passou mais cedo do que pensa.

O que me intriga é que não há culpados.
Nem eu, nem ele, nem a vida.Aconteceu que vivemos uma história engraçada e bonita de ter visto e sempre me passa como um filme na cabeça, mas que em dado momento, perdeu o fio da meada. É como um mingau que começa a fazer caroço quando se perde o ponto.
É desesperador ver a coisa tomando outro rumo, tudo escorrendo pelos dedos e por mais que bata o pé, que arranque os cabelos, que chore para que todo mundo ouça...não adianta mais. Os ponteiros estão desordenados.

Hoje estou triste porque é a primeira vez depois de tantos anos que no dia de hoje ele não estará por perto e não receberei nenhum cartão endereçado atrás dizendo: " Para a mulher que vai envelhecer comigo", como recebi há alguns anos atrás.

Um dia desses , vindo trabalhar, ouvi no Ipod uma música do Kid Abelha, velha p/ caramba e dizia assim:

" Já conheci muita gente / Gostei de alguns garotos
Mas depois de você/ Os outros são os outros

Ninguém pode acreditar na gente separado
Eu tenho mil amigos, mas vc foi o meu melhor namorado"


Estou aceitando as coisas e tentando mudar outras, mas hoje, ainda que seja só por hoje queria sim comemorar com ele com a mesma paixão que fez parte da gente.
Mas o p/ sempre só durou até a metade...fazer o que?! A vida segue.
E segue sem mais ng q ocupe esse tal lugar. Entende?
Não sei se minha tristeza provém de uma veia da dramaturgia mexicana de sofrer horrores com tudo isso que falei por alto ou pq hj não há ng aqui perto.
Ninguém p/ correr atrás de mim em aeroporto cheio , gritar meu nome e impedir que eu embarque. Ninguém que chega na minha casa pingando de chuva e fala que não vive sem mim, ninguém que manda flores de um helicóptero ou ninguém que compre um suflair ali na padaria.... Esses filmes, olha como eles fazem a gente viajar,né?
Queria tanto, mas tanto que alguém fizesse um enquete (tá, um dia eu faço) e respondesse quantas cenas idiotas de romance pastelão já aconteceram em sua vida....

De triste à revoltada. Bom que vcs acompanham minha geminianidade.


Tudo vai ficar bem!



=/

Um comentário:

Soninha Malerba Gimenes disse...

Oi Sel...
Acho que todos já fizemos isso tudo que você fez mais de cem vezes também...
O importante é valorizar o que foi bom e tirar o positivo do que foi ruim.
Bjs