terça-feira, 25 de agosto de 2009

Eu vejo flores em você. (parte 8)


Henrique.

Henrique apaixonou-se por Lucila quando pôs os olhos nela.
A beleza se distribuía em seus 1,70mt.e também no seu cabelo que ficava sobre os ombros e bem ali no ombro esquerdo, tinham 3 pintas, que mais tarde apelidou de “As 3 Marias”.Tinha os olhos verdes escuros e no sol, pareciam ter sido pintados a lápis porque respondiam à luz do dia e só faziam brilhar.Tinha o corpo mignon e tudo lhe caía bem. Jeans, camiseta e um rabo de cavalo, a deixavam toda sexy.
Era cheia de idéias e independente, falante, brincalhona e minava vida.Ele era mais contido, discreto, mas ainda assim a amava perdidamente.
Começaram a sair e assim que ela terminou a faculdade, casaram-se. Sempre soube que o que sentia por ela não era recíproco.Ela gostava dele, mas era mais admiração do que amor. Quando seu filho nasceu, decidiu com o consentimento dela, que não seria necessário que ela trabalhasse mais.
Henrique conseguiu outro emprego e durante dois anos, ficava pouco tempo em casa, a fim de quitar o apartamento e dar uma boa condição à família.Ela se mostrou uma excelente dona de casa, companheira, exímia na criação de seu filho e nunca menos atraente. Por muitas vezes ,ele acordava durante a noite só para contemplá-la e tudo que ela fazia era encantador.
Mas depois de algum tempo, ela lhe pareceu distante, quase apática. Não respondia quando ele a procurava na cama e quando o fazia, era de forma automática.
Lucila andava mais vaidosa e com a alegria que lembrava os tempos da faculdade, mas essa alegria não era provocada por ele,não sabia de onde vinha,mas estava certo que algo não estava bem.
Percebendo seu afastamento, tratou de tentar reacender o que estava apagado. Passou a levá-la para jantar com mais freqüência, presenteá-la fora de data e fazer viagens surpresas.Não a cobrava de nada, achava melhor não pressioná-la porque temia que se a incomodasse, pudesse perdê-la.
Aceitava essa condição para mantê-la próxima, não poderia conviver com sua ausência.
Certo dia, ela o surpreendeu enquanto ele fazia a barba após o jantar e pediu a separação. Matá-lo a sangue frio, teria doído menos.Não poderia concordar com tal hipótese, não poderia ser.Argumentou com ela a noite toda, mas percebeu que só ganhou tempo, mas que não a convenceu.
Na manhã seguinte, avesso ao que achava que seria correto, mexeu no celular e conseguiu descobrir duas ou três mensagem de texto apaixonadas.Simplesmente não poderia suportar que alguém tivesse dado a ela, a única coisa que nunca pôde: Amor.
Dado a tecnologia moderna, com o número que obtivera do amante em mãos, descobriu seu paradeiro e outras coisas que precisava saber sobre ele,Mauro.
Pensou em vingança, pensou em estrangulá-lo pessoalmente, pensou em implorar que ele a deixasse.
Foi só depois de algum tempo que foi até o prédio dele, numa sexta-feira pela manhã antes de ir para o trabalho.Alegou uma desculpa bem elaborada sem citar o nome do amante e como tinha aparência não suspeita, entrou sem maiores problemas.
Foi até a garagem,já tendo conhecimento de qual era o carro de seu adversário e mexeu em alguns fios. Um susto causado por um acidente o tiraria de circulação por algum tempo. Tempo que precisava para tirar férias e sair do estado com Lucila. Quando voltasse, ele já teria se recuperado, mas nem adiantaria procurá-la porque Henrique já a teria convencido durante a viagem que tudo aquilo era uma grande bobagem, ela sempre foi uma sonhadora e ele sempre foi seu centro racional.
Henrique apenas se esqueceu que quando o amor acontece não tem explicação. Quando se ama de verdade, não há o que corrigir.


Henrique perdeu Lucila para sempre.



(Selma Fonseca _ agosto/2009)







Um comentário:

Soninha Malerba Gimenes disse...

Nossa, que texto lindo!
Acho q escolhemos o melhor caminho de acordo com o possivel no momento,
se ele é o acertado e nos vai fazer feliz acredito q em grande parte depende de nos mesmo.
E nao devemos ficar pensando tanto nos se, mas conviver com nossas escolhas.
E as vezes nos entregamos ao risco.
Parabéns,vc escreve lindamente...
Beijo gde p vc!