terça-feira, 23 de dezembro de 2008

E daí, num dia de primavera, acordei e não tinha mais meu chão seguro p’ra por os pés ou as nuvens em que tantas vezes me refestelei...Olhei ao redor e estava sem meus hábitos, sem minhas verdades,sem metade de mim, sem a vida que eu tanto enchia a boca pra falar que era minha...Estava sozinha.
Tentei pôr os pés no chão e recomeçar a andar, mas tudo que vi à minha frente foi um vazio, um grande espaço vago, completamente desnudado de cores e flores.Um deserto cinza e gelado.Minha primeira reação foi a de um medo horripilante, um calafrio que me gelava a alma...Logo pensei: “E agora?”.A grande charada era como iniciar tudo, absolutamente tudo, sem ter um esboço, sem ter uma seta e p’ra piorar , com a visão turva, sem distinguir direito a lógica ou algum princípio.Perdida.Descalça.
Cada vez que eu tentava pensar em um modo, me vinha um golpe...Uma dor interna que me dilacerava...As dores vinham em seqüência sem trégua, em forma de saudade, de imagens de um passado recheado de sorrisos, brindes, festas, felicitações, vozes conhecidas e queridas.Uma infinidade de sonhos, um aglomerado incontável de pedras que um dia seriam meu castelo.As lembranças de rostos, de páginas que se passaram, de promessas, vinham como uma chuva de flechas em minha direção...Todas elas me acertaram, todas me derrubaram...por vezes quis ficar ali jogada, quieta com toda aquela dor, toda aquela perturbação....Mas como toda história boa que se preze ( e a minha tem q ser boa,claro) tem a turma do bem, a minha também tem a turma dos mocinhos.
Sem querer reagir e quase inerte, minha visão começa a melhorar um pouco, mas começa...Vejo pessoas dispostas a me dar a mão e solto um suspiro aliviado, ainda com o medo presente, elas me repetem a frase que vai me guiar o resto da vida : “ Vai passar”.
Já consegui colocar meus pés no chão.Ainda dou passos lentos, dou algumas titubeadas, mas encontro amigos que me amparam e dão o braço para me apoiar.Quando a dor vem avassaladora e me cega, minha família me conduz onde meus olhos não podem ver a razão.
Não estou sozinha.
Tenho a certeza absoluta que durante todo tempo Deus também está comigo e como bom paizinho que é, tem me mimado com dias de sol que tanto gosto, com cores mais vivas em alguns lugares que eu passo e me presenteia com o sorriso da minha amada Victória quando chego em casa.
Ainda estou meio perdida, mas não mais descalça....Não tenho firmeza nos passos, mas tenho certeza que posso andar novamente e que o amor que estou recebendo tem me feito forte .


Sim.Vai passar!


....

Nenhum comentário: